Veja o que disse o ex-Comandante da FAB ao STF durante depoimento

O brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior, ex-comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), afirmou nesta quarta-feira (21), em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), que o ex-presidente Jair Bolsonaro foi informado de que não havia indícios de fraude nas urnas eletrônicas antes do segundo turno das eleições de 2022. Mesmo assim, segundo Baptista Júnior, Bolsonaro teria pressionado pela postergação da divulgação do relatório das Forças Armadas que atestava a segurança do sistema.

“Sim, [Bolsonaro foi informado disso] através do ministro da Defesa. Além das reuniões que mencionei, o ministro da Defesa despachava sobre esse assunto”, declarou o brigadeiro, ao ser questionado se o ex-presidente sabia da ausência de fraudes no sistema eleitoral.

Baptista Júnior detalhou as conversas: “Comentei após o segundo turno nas reuniões que tivemos em 1º de novembro e depois nas cinco ou seis reuniões que tivemos com ele. Conversei com ele na reunião do dia 14 de novembro quando ele me apresentou o relatório do IVL (Instituto Voto Legal) com um possível erro de programação que poderia levar à alteração no resultado”.

Ele descreveu a reação ao relatório do IVL: “No dia 14 de novembro, o presidente chamou o ministro da defesa e os três comandantes. Nos reunimos no salão norte e o presidente entregou uma cópia a cada um de nós. Eu li e falei: ‘esse relatório (do IVL) está muito mal escrito. Ele contem erros’. Eu usei a palavra ‘sofismas’ para identificação da urna.”


Ao ser perguntado se Bolsonaro tentou interferir na divulgação do relatório, Baptista Júnior respondeu: “Sim. O relatório foi entregue no dia 9. Eu ouvi que sim [houve pressão para adiar a divulgação]. Certamente outras testemunhas poderão dar isso com mais precisão”.

O ex-comandante da FAB também confirmou uma fala do general Freire Gomes, ex-comandante do Exército, em 2022, na qual ele teria alertado o então presidente Jair Bolsonaro que teria que prendê-lo caso os planos golpistas contra a eleição de Lula avançassem.

“General Freire Gomes é uma pessoa polida e educada e obviamente ele não falou isso com agressividade com o presidente da República, mas é isso que ele falou. Com muita calma e tranquilidade, mas ele disse exatamente isso: ‘se o senhor tentar fazer isso, eu vou ter que te prender’”, relatou Baptista Júnior.

As declarações foram dadas durante a fase de oitivas da ação penal que investiga uma tentativa de golpe de Estado liderada por integrantes do governo Bolsonaro. Baptista Júnior chefiou a instituição durante o governo de Jair Bolsonaro e está sendo ouvido como testemunha na ação que julga o chamado núcleo 1 de réus por tentativa de golpe de Estado.



Em videoconferência conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, o militar é testemunha de acusação, indicado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), e de defesa — apontado pelos advogados de Bolsonaro, do ex-comandante da Marinha Almir Garnier e do ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, que também integram o núcleo 1 e são réus.

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