Veja o que dizem as defesas de Braga Netto e Mauro Cid após acareação no STF

O advogado de defesa do general Walter Braga Netto, José Luis Oliveira Lima, afirmou que o tenente-coronel Mauro Cid entrou em contradição durante a acareação realizada na manhã desta terça-feira (24), no Supremo Tribunal Federal (STF), como parte da investigação sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado. Segundo Lima, o general chamou Cid de “mentiroso” ao menos duas vezes durante a audiência — e, em ambas, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro teria apenas se calado e abaixado a cabeça.


“O colaborador trouxe mais um local da suposta entrega de dinheiro ao general para o suposto financiamento do golpe de Estado em 2022”, afirmou o advogado. De acordo com ele, Cid indicou agora uma terceira possível garagem para o repasse de R$ 100 mil, além da sala de ajudância de ordens e outras duas localizações no Palácio da Alvorada, em Brasília. “Ele mente”, disse Lima, que anunciou que vai protocolar novo pedido de anulação da delação premiada de Cid.

A advogada de Mauro Cid, Vânia Bitencourt, negou que tenha havido contradição e rebateu as declarações da defesa de Braga Netto. “Ele [Cid] não sabe precisar o local, ele sempre disse isso”, afirmou, referindo-se à entrega do suposto pacote com dinheiro. “Ele disse que não olhou dentro da sacola e que não viu a quantia.”

Vânia também contestou a alegação de que o general teria chamado seu cliente de mentiroso. “Ele [Braga Netto] não chamou Cid de mentiroso”, declarou. Segundo ela, o militar estava preparado para não reagir a provocações durante a audiência. No entanto, Lima insistiu: “Passou todo o ato com a cabeça baixa e não retrucou quando teve oportunidade de falar”.

Ainda segundo a defesa de Cid, ele afirmou na acareação que Braga Netto teria dito que o dinheiro entregue era “para fins do pedido feito anteriormente”. A sacola, segundo os advogados, não foi aberta por Cid e ele não teria confirmado se estava ou não lacrada.


A acareação foi conduzida presencialmente pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF, com participação do ministro Luiz Fux e do procurador-geral da República, Paulo Gonet. A audiência, realizada a portas fechadas, durou cerca de duas horas e também contou com a presença de advogados de outros réus, como Celso Vilardi, defensor do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Segundo a Polícia Federal, o montante supostamente repassado por Braga Netto a Mauro Cid teria como objetivo financiar ações que incluíam prender ou matar o ministro Alexandre de Moraes. Braga Netto nega qualquer participação nesse plano e rejeita ter entregue qualquer valor ao ex-ajudante de ordens.

A defesa do general afirmou ainda que Mauro Cid teria alterado pela terceira vez sua versão sobre o local onde a entrega teria ocorrido. A nova possibilidade apresentada incluiria uma terceira garagem dentro do Alvorada. A acareação integra a fase final da investigação sobre a tentativa de golpe, antes da apresentação das alegações finais e do eventual julgamento pelo STF.

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