Em meio à investigação da Procuradoria-Geral da República (PGR) que aponta a suposta de golpe, o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) afirmou nesta quinta-feira (20) não se importar com a possibilidade de ir preso.
“O tempo todo isso de ‘vamos prender Bolsonaro’. Eu caguei para a prisão”, declarou durante o Seminário Nacional de Comunicação do Partido Liberal, que acontece em Brasília. O ex-presidente chegou a ser interrompido por aplausos, sob gritos de “mito”.
Durante o evento com filiados do PL, Bolsonaro disse não ter “obsessão pelo poder”, mas “paixão pelo Brasil”. Ele criticou as acusações, alegando que “todas as narrativas foram por água abaixo” e ironizou a denúncia da PGR. “Investiram pesadamente agora nessa última: golpe”, declarou. Na ocasião, o ex-chefe de governo e outras 33 pessoas foram denunciadas por tentativa de golpe de Estado.
A denúncia, apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF) dois dias antes, aponta o ex-presidente como líder de uma organização criminosa que atuou contra a democracia. Segundo a PGR, o plano tinha um “projeto autoritário de poder”. O órgão pede que Bolsonaro seja condenado por cinco crimes: liderança de organização criminosa armada; deterioração de patrimônio tombado; tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União; e golpe de Estado.
Bolsonaro ironizou as acusações e ridicularizou o fato de ter sido citado como articulador de um golpe enquanto estava nos Estados Unidos. “Eu estava lá com o Pato Donald e a Minnie, e tentei dar o golpe de 8 de janeiro aqui?”, questionou. Em outro momento, o ex-presidente ainda alfinetou Flávio Dino, também ministro do Supremo e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Lula. “O outro se reuniu com traficantes, e não teve problema nenhum, no morro do Rio de Janeiro”, disse Bolsonaro.
O ex-presidente voltou a insinuar que as eleições de 2022 foram fraudadas. “Mas e vocês? Teve fraude na minha eleição, alguém sabe aí?”, disse ao público, que respondeu que “sim”.
Agora, cabe ao STF decidir se aceita ou não a denúncia. Caso seja aceita, o ex-presidente se tornará réu e responderá a um processo penal, podendo ser condenado e preso. Somadas, as penas máximas para os crimes citados podem ultrapassar 40 anos.
Além disso, Bolsonaro voltou a se apresentar como pré-candidato à Presidência em 2026, mesmo estando inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE): “Podem existir pessoas mais preparadas do que eu, mas eu tenho o couro mais grosso”.
Vídeo: Caguei para a prisão, diz Bolsonaro após denúncia da PGR
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