Viúvo de vítima do bolo detalha o ocorrido

Viúvo de uma das vítimas que morreram após comer o bolo envenenado em Torres, Rio Grande do Sul, Jefferson Luiz Moraes relatou os momentos de desespero que se seguiram à ingestão da sobremesa na confraternização de Natal da família. Casado com Maida Berenice Flores da Silva há 30 anos, ele foi o anfitrião da festa, que ocorreu em seu apartamento no dia 23 de dezembro e culminou em três mortes.

Em entrevista ao programa Fantástico que foi ao ar neste domingo (12), Jefferson explicou que comer o bolo de reis era uma tradição da família. No entanto, logo depois que os familiares comeram a primeira fatia do bolo, já desconfiaram de que havia algo errado.


– A Zeli [responsável por preparar o bolo] cortou as fatias e foi entregando para cada uma. E aí, a Zeli comeu primeiro e [notou] um gosto estranho, assim. Quando eu comi a primeira fatia, a primeira mordida, eu também senti um azedume. Aí, a Neuza foi comer, deu uma mordida, e depois da segunda disse “não, não come, porque não tá legal esse bolo” – relatou.

Jefferson conta que os sintomas do envenenamento surgiram de imediato.

– A Zeli saiu correndo [para] vomitar, a Maida sentou aqui e não levantou mais, a Tatiana sentou e não levantou mais. A Zeli ficou deitada no chão e desmaiou – descreveu ele.

Além de Maida, também morreram a irmã dela, Neuza Denise Silva dos Anjos, e a filha de Neuza, Tatiana Denise dos Anjos. Jefferson chegou a ir ao hospital para ser atendido e posteriormente foi liberado.

Responsável por preparar o bolo, Zeli foi a que mais comeu o bolo, mas sobreviveu porque vomitou após comer o alimento. Apesar disso, ela ficou internada na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), tendo recebido alta médica na última sexta-feira (10).

A polícia acredita que a responsável por envenenar o doce foi a nora de Zeli, Deise Moura dos Anjos. Ela teria adicionado altíssimas quantidades de arsênio na farinha com a qual o bolo foi preparado. Deise está presa no Presídio Estadual Feminino de Torres.

Diante da situação, a polícia suspeitou que Deise poderia ter envenenado também o seu sogro, Paulo Luiz dos Anjos, que morreu em setembro por suposta intoxicação alimentar. O corpo foi exumado, e o Instituto-Geral de Perícias (IGP) confirmou que o homem ingeriu arsênio antes de morrer. O veneno havia sido colocado em um pote de leite em pó dado por Deise aos sogros.

Para a polícia, Deise é uma assassina em série e pode ter tentado envenenar outras pessoas de seu círculo familiar. Dessa forma, as autoridades decidiram ampliar as investigações e verificar outros episódios suspeitos envolvendo pessoas ligadas a ela. É possível que o corpo de seu pai, José Lori da Silveira Moura, também seja exumado para exames. Ele morreu em 2020, aos 67 anos, devido a um suposto quadro de cirrose.


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