O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, anunciou nesta segunda-feira (13) que conversou com o Papa Leão XIV pela primeira vez desde sua eleição e o convidou para visitar a Ucrânia, país que luta contra a invasão russa há mais de três anos.
“Foi nossa primeira conversa, mas foi muito calorosa e realmente construtiva”, disse Zelensky em uma mensagem nas redes sociais, na qual anunciou que “convidou” o papa a viajar para a Ucrânia, que tem milhões de fiéis greco-católicos.
“Convidei Sua Santidade a realizar uma visita apostólica à Ucrânia. Uma visita assim traria esperança a todos os crentes, a todo o nosso povo”, disse Zelensky.
Durante a conversa, o presidente ucraniano informou o líder da Igreja Católica sobre a proposta de um cessar-fogo incondicional de pelo menos 30 dias.
“A Ucrânia quer pôr fim a esta guerra e está fazendo tudo o que pode para alcançá-lo”, manifestou Zelensky, acrescentando que esperam que a Rússia tome “medidas apropriadas”.
O presidente da Ucrânia também abordou com Leão XIV a questão da libertação dos prisioneiros de guerra e dos “milhares” de crianças ucranianas transferidas pela Rússia para outras áreas sob seu controle desde os territórios que ocupa na Ucrânia.
“A Ucrânia conta com a contribuição do Vaticano para seu retorno para casa, para suas famílias”, enfatizou o presidente ucraniano.
O convite de Zelensky ocorre depois que Leão XIV fez um apelo público pela paz na Ucrânia. Durante sua primeira bênção dominical da varanda da Basílica de São Pedro, o pontífice expressou: “Levo em meu coração o sofrimento do querido povo ucraniano” e pediu que “se faça todo o possível para alcançar uma paz genuína, justa e duradoura o mais rápido possível”.
O papa, que é o primeiro pontífice americano da história, tem sido claro em sua postura contra a guerra. Em sua primeira aparição pública, Leão XIV exclamou “Não mais guerra!” e seguiu a linha de seu antecessor, o Papa Francisco, ao condenar os conflitos globais.
Zelensky tem buscado constantemente apoio internacional para sua causa, utilizando todas as plataformas disponíveis para chamar a atenção para a invasão russa. A conversa com o Papa Leão XIV se soma a esses esforços diplomáticos.
Kiev sempre reconheceu os esforços do Vaticano para mediar a troca de prisioneiros e a devolução das crianças levadas para a Rússia das áreas ocupadas da Ucrânia.
Eis a íntegra da declaração de Zelensky após conversa com o papa:
Falei com o Papa Leão XIV. Foi nossa primeira conversa, mas já muito calorosa e realmente significativa.
Agradeci a Sua Santidade pelo apoio à Ucrânia e a todo o nosso povo. Valorizamos profundamente suas palavras sobre a necessidade de alcançar uma paz justa e duradoura para o nosso país e sobre a libertação dos prisioneiros.
Também discutimos a situação de milhares de crianças ucranianas deportadas pela Rússia. A Ucrânia conta com a ajuda do Vaticano para trazê-las de volta para casa, junto de suas famílias.
Informei o Papa sobre o acordo entre a Ucrânia e nossos parceiros, segundo o qual, a partir de hoje, deve começar um cessar-fogo total e incondicional por pelo menos 30 dias. Reafirmei ainda a disposição da Ucrânia para continuar as negociações em qualquer formato, inclusive em conversas diretas — uma posição que temos destacado repetidamente. A Ucrânia quer pôr fim a esta guerra e está fazendo tudo o que pode para isso. Agora, esperamos passos semelhantes por parte da Rússia.
Convidei Sua Santidade a realizar uma visita apostólica à Ucrânia. Uma visita assim traria verdadeira esperança a todos os fiéis e a todo o nosso povo.
Concordamos em manter o contato e planejar um encontro presencial em breve.
Zelensky conversa com Papa Leão XIV e revela detalhes do diálogo
