Zelensky se reúne com Trump nesta sexta em busca de apoio dos EUA

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, se reúne nesta sexta-feira com o Donald Trump, em um momento crucial para o país, buscando garantir o apoio americano na defesa da soberania ucraniana diante de possíveis novas ameaças da Rússia.

Durante a visita, a delegação ucraniana assinará um acordo econômico com os EUA para financiar a reconstrução da Ucrânia, devastada por mais de três anos de guerra. O pacto prevê a criação de um fundo de investimento conjunto, no qual a Ucrânia destinará 50% de seus futuros lucros com recursos naturais, incluindo minerais e hidrocarbonetos.

O acordo menciona a importância da segurança da Ucrânia, mas deixa essa questão para ser negociada diretamente entre Zelensky e Trump.

Enquanto as forças ucranianas seguem resistindo ao avanço russo, o governo de Kiev insiste que qualquer plano de paz deve incluir garantias concretas que impeçam a Rússia de se rearmar e retomar os ataques após um cessar-fogo.

Trump, no entanto, evitou se comprometer com uma promessa clara de segurança para a Ucrânia.

“Não vou dar garantias de segurança… muito pouco”, afirmou nesta semana, sugerindo que a Europa deveria assumir essa responsabilidade.

Zelensky, por sua vez, reforçou a necessidade de um compromisso mais claro. “Este acordo pode fazer parte de futuras garantias de segurança, mas quero entender a visão mais ampla. O que espera a Ucrânia?”, declarou na quarta-feira.

Trump classificou o acordo econômico como uma forma de Kiev “compensar” os EUA pela ajuda militar recebida nos últimos anos. No entanto, a Ucrânia defende que qualquer acesso dos EUA a seus recursos naturais deve vir acompanhado de garantias concretas de segurança.

Europa propõe missão de paz na Ucrânia
Em caso de cessar-fogo, os líderes do Reino Unido e da França, Keir Starmer e Emmanuel Macron, propuseram uma missão de paz na Ucrânia para evitar uma retomada dos combates. Ambos viajaram a Washington nesta semana para discutir a iniciativa com Trump.

No entanto, autoridades americanas expressaram dúvidas sobre a viabilidade de uma missão exclusivamente europeia sem o apoio logístico dos EUA, que incluiria inteligência, vigilância e capacidade de resposta rápida em caso de violação do cessar-fogo.

“Este é um momento de grande oportunidade para alcançar um acordo de paz histórico”, disse Starmer a Trump. “Mas precisamos fazer isso da maneira certa.”

Zelensky não especificou quais garantias de segurança seriam aceitáveis para a Ucrânia. Apesar de manter o desejo de que o país ingresse na OTAN, ele sugeriu que um acordo de segurança semelhante poderia ser suficiente.

Trump, porém, foi direto ao descartar essa possibilidade. “A Ucrânia pode esquecer a entrada na OTAN”, afirmou recentemente.

Apesar das diferenças, em Kiev, a reunião com Trump é vista como um passo positivo antes de qualquer encontro entre o ex-presidente americano e o presidente da Rússia, Vladimir Putin.

Zelensky busca clareza sobre se os EUA continuarão fornecendo ajuda militar ou se a Ucrânia terá que comprar diretamente as armas americanas. Ele também pretende discutir o possível uso de ativos russos congelados para financiar a defesa ucraniana e entender a posição de Washington sobre as sanções contra Moscou.

Trump e o futuro da relação com a Rússia
As preocupações em Kiev aumentaram diante de sinais de uma possível mudança na política de Washington em relação à Rússia.

A administração Trump realizou uma reunião com representantes russos na Arábia Saudita, sem a presença da Ucrânia ou de aliados europeus, e o ex-presidente americano manteve uma longa conversa telefônica com Putin, levantando preocupações sobre um possível acordo sem a participação ucraniana.

Trump também acusou a Ucrânia de prolongar o conflito e criticou Zelensky por não realizar eleições, apesar de a legislação ucraniana proibir votações enquanto estiver em vigor a lei marcial.

Nesse cenário, autoridades americanas defendem que o acordo econômico pode ajudar a estabilizar a Ucrânia e evitar novas agressões.

“Se trabalharmos na extração de minerais na Ucrânia, isso nos dá segurança automática, porque ninguém vai querer mexer com nossos trabalhadores quando estivermos lá”, disse Trump.

O texto do acordo afirma que os EUA “apoiam os esforços da Ucrânia para obter garantias de segurança necessárias para estabelecer uma paz duradoura” e reafirma o “compromisso financeiro de longo prazo” de Washington com o desenvolvimento e a estabilidade da Ucrânia.


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