Ditador da Nicarágua busca oficializar grupo paramilitar

O ditador da Nicarágua, Daniel Ortega, anunciou o objetivo de oficializar a Polícia Voluntária, uma entidade que atuaria como apoio à Polícia Nacional.

Grupos opositores e analistas consideram que essa medida é um passo para institucionalizar forças paramilitares, como as que foram utilizadas durante a repressão aos protestos de 2018, deixando centenas de mortos.

O movimento ocorre em um contexto de repressão crescente no país, onde mais de 3,6 mil ONGs foram fechadas desde 2018, muitas vezes sob acusações de “desordem” ou “traição à pátria”.

Ao mesmo tempo, Ortega mantém uma relação tensa com a Igreja Católica, marcada pelo fechamento de instituições religiosas e a prisão de sacerdotes, evidenciando um esforço contínuo para eliminar vozes críticas

O anúncio também alimenta preocupações internacionais, com organizações como a OEA e entidades de direitos humanos alertando sobre o impacto dessa política no já restrito espaço democrático da Nicarágua.

Paralelamente, Ortega mantém uma política econômica conservadora, que depende fortemente de remessas de nicaraguenses no exterior e financiamentos multilaterais, o que, segundo analistas, sustenta sua capacidade de governar.

Essa dinâmica reflete um padrão de “autoisolamento tático” do regime, alinhado a países como Rússia e China, enquanto enfrenta sanções e críticas de parceiros comerciais como os Estados Unidos.

A criação da Polícia Voluntária é considerado mais um mecanismo para consolidar o poder e silenciar a oposição, para perpetuar um ciclo de repressão em um país que vive uma crise política e social há anos.

Acusações de fraude do ditador da Nicarágua em eleições
A ditadura de Daniel Ortega na Nicarágua é amplamente caracterizada como de esquerda autoritária, com inspiração no sandinismo, um movimento revolucionário com bases marxistas-leninistas.

Ortega é acusado por ex-aliados de distorcer os princípios do sandinismo, um movimento radical de esquerda que venceu a ditadura somozista em 1979. O regime somozista foi liderado pela família Somoza desde 1936, com o último ditador sendo Anastasio Somoza Debayle.

Desde que Ortega chegou ao poder pela primeira vez na década de 1980, o regime foi marcado por práticas autoritárias e centralização do poder, especialmente durante o conflito com os “contras” apoiados pelos Estados Unidos. Isto já resultou em restrições à liberdade política e repressão a dissidentes.

Ortega reassumiu a presidência em 2007, depois de vencer as eleições, e está em seu atual mandato desde 2022, sendo reeleito em pleito amplamente criticado como fraudulento


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