Dólar bate R$ 6 pela 1ª vez na história após anúncio de pacote fiscal do Governo Lula

O dólar segue em forte alta na manhã desta quinta-feira (28) e atingiu a marca histórica de R$ 6, impulsionado pela reação negativa do mercado ao anúncio do pacote fiscal e da isenção do Imposto de Renda para salários de até R$ 5 mil. Por volta das 11h40, a moeda norte-americana registrava alta de 0,85%, sendo negociada a R$ 5,99. Na véspera, o dólar já havia fechado em R$ 5,91, seu maior valor nominal até o momento.

No mesmo horário, o Ibovespa operava em queda de 1,2%, aos 126,1 mil pontos. O dia é marcado pela ausência de referência das bolsas de Wall Street, que estão fechadas devido ao feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos.

Os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) e Rui Costa (Casa Civil) detalham, nesta quinta-feira, as medidas anunciadas no dia anterior. Também participam do evento os ministros Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação) e Esther Dweck (Gestão e Inovação em Serviços Públicos), que ocorre no Palácio do Planalto.

Na noite de quarta-feira (27), Haddad divulgou um pacote de medidas para o controle de gastos, que inclui a isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil por mês, uma das promessas de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). De acordo com o ministro, a medida terá um impacto fiscal de R$ 35 bilhões – valor abaixo dos R$ 45 bilhões esperados por analistas de mercado. A isenção, que precisa ser aprovada pelo Congresso, deve entrar em vigor em 1º de janeiro de 2026.

Haddad ressaltou, ainda, que a reforma tributária busca “neutralidade tributária”, ou seja, não visa aumentar ou diminuir a arrecadação, mas melhorar a eficiência e a justiça tributária.

O governo também detalhou o pacote de ajuste fiscal, que prevê uma economia de R$ 70 bilhões nos próximos dois anos, consolidando o compromisso do governo com a sustentabilidade fiscal. As medidas de corte de gastos foram divididas em seis frentes, incluindo: Limitação do aumento do salário mínimo a 2,5% acima da inflação; Correção do limite de acesso ao abono salarial pela inflação até que o teto chegue a um salário mínimo e meio; Reformas nas aposentadorias militares, incluindo idade mínima para a reserva e limitações nas pensões; Imposição do teto constitucional aos agentes públicos, com fim dos “supersalários”; Aumento das emendas globais e destinação de 50% das emendas de comissão para a saúde e aperfeiçoamento dos controles de fraudes, especialmente no BPC (antiga aposentadoria por invalidez).

Essas medidas ainda precisam ser aprovadas pelo Congresso Nacional. Haddad expressou “esperança” de que a aprovação ocorra ainda neste ano, apesar do calendário apertado e das outras pautas em tramitação.

O plano foi recebido com críticas do mercado, que considerou as propostas de corte de gastos tímidas e criticou a apresentação “casada” com as mudanças na tabela do Imposto de Renda.


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