O fundador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), João Pedro Stedile, expressou sua insatisfação com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em relação à falta de avanços na reforma agrária no Brasil. Em entrevista ao programa Repórter Brasil, o ativista classificou como “incompetência generalizada” a inoperância do governo federal no tema, alertando para possíveis consequências como o aumento de ocupações de terra.
“Nós estamos putos da cara com a incompetência generalizada do governo federal em resolver problemas. Porque se você não resolve o problema, ele só se agrava”, disse Stedile. Ele criticou também os argumentos apresentados durante o primeiro ano de governo, como a falta de orçamento, afirmando que essas justificativas não são mais aceitáveis no segundo ano de gestão.
Stedile afirmou que, em 24 meses, a reforma agrária pouco avançou. “Todo mundo tem as suas desculpas. ‘Ah, tivemos que remontar o Ministério do Desenvolvimento Agrário. Ah, não tivemos orçamento no 1º ano’. Tudo bem, nós somos pacientes, mas isso explica apenas o primeiro ano. Já estamos no segundo ano, e avançou pouco, quase nada”, avaliou.
O ativista destacou que a ineficiência do governo pode levar à mobilização dos movimentos sociais: “É óbvio que, dia mais, dia menos, essa base vai se mobilizar, vai pressionar, diante da ineficácia”.
Apesar das críticas, Stedile adotou um tom mais ponderado ao falar sobre o presidente Lula, afirmando que ele está “muito sozinho” em sua tentativa de atender às demandas do povo, mas que enfrenta obstáculos internos no governo.
“A dificuldade na nossa interlocução com os ministérios do governo se dá porque, em geral, os ministros são ufanistas. Eles acham que estão fazendo o melhor governo da história. E o pior enfermo é aquele que não reconhece a doença. Então, não há remédio que funcione”, disse Stedile.
Ele ainda apontou a ausência de um projeto unificado dentro do governo como uma das principais barreiras para a implementação de políticas públicas, incluindo a reforma agrária. “O que notamos é o presidente Lula muito sozinho, com aquele idealismo dele de querer atender às necessidades do povo, mas que não anda”, concluiu.
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