Lula viaja à Colômbia antes da COP30 e promete debater presença militar dos EUA na América Latina

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarca neste domingo (9) para Santa Marta, na Colômbia, onde participa da 4ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) com a União Europeia (UE), marcada para os dias 9 e 10 de novembro.


Antes de viajar, Lula afirmou que pretende colocar na pauta da reunião a situação política na Venezuela e a presença de navios de guerra dos Estados Unidos nas águas latino-americanas.

“Só tem sentido a reunião da Celac neste momento se a gente for discutir essa questão dos navios de guerra americanos aqui nos mares da América Latina”, declarou o presidente, em entrevista concedida na terça-feira (4) a agências internacionais.

O presidente participará apenas do primeiro dia do encontro, retornando na segunda-feira (10) a Belém (PA), onde fará a abertura oficial da COP30, conferência da ONU sobre mudanças climáticas.

A viagem à Colômbia alterou os planos iniciais de Lula, que pretendia visitar Fernando de Noronha (PE) no fim de semana para o lançamento de um projeto de energia solar. Segundo o próprio presidente, ele foi convencido por sua assessoria a participar da cúpula.

“Se eu não for, vai ser uma situação desagradável que o país mais importante da Celac não compareça à Celac”, afirmou.

Durante a entrevista, Lula defendeu que a América Latina seja tratada como uma “zona de paz” e disse já ter conversado sobre o tema com o presidente dos Estados Unidos Donald Trump.


“Tive oportunidade de conversar com o presidente Trump sobre esse assunto, dizendo para ele que a América Latina é uma zona de paz. Aqui não proliferam armas nucleares”, declarou.

O petista também criticou o uso de força militar norte-americana no Caribe sob o pretexto de combater o narcotráfico.

“A polícia tem todo o direito e a responsabilidade de fazer o combate ao narcotráfico. Os americanos poderiam estar tentando ajudar esses países, e não atirando contra eles”, afirmou.

Lula disse ainda que o impasse político com a Venezuela deve ser resolvido por meio do diálogo, e não de intervenções armadas.

“Nós não queremos conflito na América do Sul. O único conflito que queremos é o verbal, que não machuca, não tira vidas, não destrói casas nem pontes”, declarou.

O presidente defendeu que os países da região adotem uma postura mais firme diante das tensões entre Colômbia e Venezuela, especialmente após relatos de ataques a civis próximos às águas que dividem os dois países.

A Colômbia, que atualmente ocupa a presidência rotativa da Celac, é a anfitriã do encontro, realizado em parceria com a União Europeia.

Antes da cúpula, Lula cumpre agenda intensa em Belém, com nove reuniões bilaterais com líderes estrangeiros, entre eles Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia; além dos chefes de Estado da Finlândia, Honduras, Congo, Comores, Suriname e Papua-Nova Guiné, o vice-primeiro-ministro da China, Ding Xuexiang, e o presidente do Banco Africano de Desenvolvimento, Sidi Ould Tah.

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