Após uma série de tensões, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva aceitou o pedido da Argentina para representar seus interesses na Venezuela e garantir proteção diplomática aos seis líderes da oposição que estão asilados na residência do embaixador em Caracas. A decisão segue a expulsão dos diplomatas argentinos ordenada pelo regime de Nicolás Maduro, em resposta ao não reconhecimento da vitória de Maduro nas eleições pelo presidente argentino Javier Milei.
Às 9h, a bandeira do Brasil foi hasteada nas instalações da Embaixada, marcando o início da nova representação e a proteção dos refugiados. O ato foi conduzido pelo Encargado de Negócios da Argentina, Andrés Mangiarotti, que, junto com o restante da missão, deixou o país. A partir de amanhã, as bandeiras, incluindo a argentina, serão substituídas por mastros maiores.
A delegação argentina tem um voo previsto para Portugal às 15h, horário argentino. De lá, após uma escala em Madrid, retornará a Ezeiza na madrugada do próximo sábado.
A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, manifestou agradecimento ao governo brasileiro por assumir a representação diplomática e consular da Argentina na Venezuela, além da proteção da sede e dos refugiados. Machado destacou que a medida pode contribuir para um processo de negociação construtiva.
O presidente Javier Milei também expressou sua gratidão ao Brasil pela disposição em assumir a custódia da Embaixada argentina na Venezuela e representar os interesses da Argentina e seus cidadãos no país. Milei ressaltou que o pessoal diplomático argentino teve que deixar a Venezuela em resposta à condenação do governo Maduro.
Os refugiados na residência do embaixador são Pedro Urruchurtu Noselli, Humberto Villalobos, Claudia Macero, Omar González, Fernando Martínez e Magalí Meda. Eles estavam sob proteção da missão diplomática liderada por Mangiarotti desde o verão.
Em comunicado oficial, o Ministério das Relações Exteriores argentino informou que os diplomatas e funcionários consulares que atuavam na Embaixada em Caracas deixariam o país devido à intimidação do governo venezuelano. O Brasil assumirá a custódia das instalações da missão argentina em Caracas, incluindo a Embaixada e a Residência Oficial, e a proteção dos interesses argentinos na Venezuela, conforme as Convenções de Viena sobre Relações Diplomáticas e Consulares. A Argentina expressou agradecimento ao governo brasileiro pela assistência nesta situação de emergência.
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