A CPMI do INSS rejeitou, nesta quinta-feira (4/12), a convocação de Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, filho mais velho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A votação terminou em 19 votos contra e 12 a favor, impondo uma derrota à oposição e atendendo ao movimento da base governista, que atuou para barrar a ida de Lulinha ao colegiado.
A decisão ocorre no mesmo dia em que veio a público o depoimento de Edson Claro, ex-funcionário de Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, que afirmou à Polícia Federal que Lulinha teria recebido uma mesada mensal de R$ 300 mil e um pagamento único de R$ 25 milhões oriundos do esquema de fraudes em empréstimos consignados envolvendo aposentados e pensionistas. O filho do presidente não se manifestou sobre as acusações.
A base aliada agiu de maneira coordenada para impedir que Lulinha fosse ouvido. Parlamentares governistas classificaram a denúncia como “manobra” da oposição para “desviar o foco” da investigação.
“Votamos contra e vamos denunciar o único objetivo, que é desviar o foco da investigação”, declarou o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), ex-ministro da Secretaria de Comunicação. Ele ameaçou processar parlamentares que acusarem Lulinha de receber pagamentos mensais.
A oposição rebateu, afirmando que a recusa em convocar o filho do presidente reforça suspeitas.
O senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) foi direto:
“Temos o dever de apurar a mesada de R$ 300 mil ao senhor Fábio Lulinha da Silva, que está foragido. O governo não quer chegar ao coração do esquema criminoso”, disse.
O pedido de convocação de Lulinha foi protocolado pelo partido Novo. No requerimento, parlamentares argumentam que há indícios financeiros que justificariam ouvir o filho do presidente. Entre eles:
- o suposto pagamento de R$ 300 mil mensais;
- o repasse de R$ 25 milhões realizado pelo “Careca do INSS”;
- possíveis conexões do esquema com pessoas próximas ao presidente Lula;
- o caso do dirigente petista Ricardo Bimbo, que teria recebido R$ 8,4 milhões de uma empresa envolvida no esquema e, no mesmo período, pago um boleto ao contador de Lulinha, investigado por lavagem de dinheiro na Operação Fim da Linha.
O requerimento foi assinado pelos deputados Marcel van Hattem (Novo-RS), Eduardo Girão (Novo-CE), Adriana Ventura (Novo-SP) e Luiz Lima (Novo-RJ). A bancada defende que a CPMI investigue todas as conexões “sem blindagens”.
“Ouvir Lulinha é essencial para esclarecer o eventual uso de sua estrutura contábil ou ligação indireta com o esquema”, diz o texto.
O depoimento de Edson Claro, revelado pelo Poder360 e confirmado por integrantes da CPMI, descreve a atuação do “Careca do INSS” no esquema e aponta a suposta participação de Lulinha. No entanto, mesmo diante das acusações, a comissão também rejeitou anteriormente a convocação do próprio Claro, após articulação da base governista.
O PT tentou desqualificar o depoente, chamando-o de “bandido”, enquanto também votou contra sua convocação.
A revelação das denúncias e a resistência da base aliada em ouvir personagens centrais do caso ampliam a temperatura política dentro da CPMI.