Crescem as chances de um conflito direto entre Otan e Rússia

Após mais de dois anos, a guerra na Ucrânia pode entrar em um novo capítulo e colocar, de forma indireta, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em confronto com a Rússia.


Nos últimos meses, diversas lideranças de países que compõem a Otan sinalizaram a intenção de liberar ataques da Ucrânia contra o território russo com armas transferidas pela aliança. A movimentação aconteceu após um pedido do secretário-geral do bloco militar, Jens Stoltenberg, que defendeu o levantamento de restrições contra o uso de armamentos do Ocidente contra a Rússia.

Dias após a declaração, o presidente da França, Emmanuel Macron, foi um dos primeiros a fazer coro à fala de Stoltenberg.

“Deveríamos permitir que neutralizassem locais militares a partir dos quais os mísseis são disparados, locais a partir dos quais a Ucrânia é atacada, mas não deveríamos permitir que atingissem outros alvos na Rússia, locais civis ou militares”, disse Macron no último dia 28 de maio.

Países liberam ataques

O Reino Unido foi um dos primeiros países a afirmarem que a Ucrânia poderia usar armas britânicas para atacar o território russo. A declaração aconteceu durante visita do secretário de Relações Exteriores do país, David Cameron, a Kiev.

“A Ucrânia tem esse direito. Assim como a Rússia está atacando dentro da Ucrânia, você pode entender perfeitamente por que a Ucrânia sente a necessidade de ter certeza de que está se defendendo”, disse Cameron à Reuters no início de maio.


No último domingo (30/5), o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, confirmou que Joe Biden aprovou a realização de ataques da Ucrânia contra o território da Rússia com armas doadas pelo país. A informação foi divulgada durante um encontro de ministros da Otan realizado em Praga, na República Tcheca.

Cerca de cinco dias após Washington autorizar os ataques, a Ucrânia usou as armas americanas contra o território da Rússia, segundo o vice-presidente da comissão de segurança nacional e inteligência do Parlamento ucraniano, Yehor Chernev.

Após o sinal verde dos EUA, a Alemanha também se pronunciou e deu carta branca para os ataques com armas fornecidas pelo país.

Segundo o porta-voz do governo alemão, Steffen Hebestreit, a Ucrânia “tem direito, garantido pelo direito internacional, de se defender” contra a ofensiva russa.

“Para o fazer, pode utilizar as armas fornecidas para esse efeito, em conformidade com as suas obrigações jurídicas internacionais, incluindo as que nós fornecemos”, disse Hebestreit.

Poucos dias depois foi a vez de a Holanda anunciar o levantamento das restrições, autorizando Kiev a usar os caças F-16 que devem ser transferidos pelo país para atacar diretamente a Rússia.

“Aplicamos o mesmo princípio para qualquer outra transferência de armas: uma vez que transferimos algo para a Ucrânia, eles podem usar isso”, disse a ministra da Defesa do país, Kajsa Ollongren.

“Pedimos-lhes apenas que cumpram o direito internacional e o direito à autodefesa, tal como estabelecido na Carta da ONU, o que significa que o utilizam para atingir os objetivos militares que precisam atingir na sua autodefesa”, acrescentou.

Rússia pronta para o combate

Desde o início do conflito, em fevereiro de 2022, Moscou não poupou críticas ao apoio de países ocidentais à Ucrânia e alertou para uma possível escalada na guerra.

Com a movimentação da aliança militar liderada pelos EUA, Vladimir Putin afirmou que a liberação a ataques contra a Rússia com armas da Otan pode ter “consequências graves”. Após o anúncio do afrouxamento das restrições por parte dos Estados Unidos, Alemanha e Holanda, a Rússia realizou um ataque massivo contra a Ucrânia.

No último sábado (1º/6), diversas regiões ucranianas foram alvos de mais de 50 mísseis e 50 drones.

Uma possível escalada no conflito, com o envolvimento de outros países, também já havia sido comentada pelo ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov. Segundo o diplomata, o país está pronto para enfrentar o Ocidente caso eles decidam se envolver, de forma mais direta, na guerra da Ucrânia.

“Este é o direito deles [de países ocidentais que apoiam a Ucrânia], se quiserem [resolver a guerra] no campo de batalha, será no campo de batalha”, afirmou.

*Metrópoles

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