Crise Lula x Israel se acirra e gera impasse diplomático

A crise diplomática aberta entre Brasil e Israel — que teve início após comentário de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a guerra que atinge o Oriente Médio — segue sem sinais de arrefecer. De um lado, o governo israelense exige uma retratação do presidente da República. Do outro, Lula não indica recuo.

O imbróglio teve início no último domingo (18/2), após Lula comparar a guerra entre Israel e o Hamas ao Holocausto. “O que está acontecendo na Faixa de Gaza e com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”, declarou em coletiva de imprensa ao encerrar o giro pela África.

Prontamente, a fala do presidente foi rechaçada por atores políticos tanto do Brasil quanto do exterior, mas a resposta mais dura partiu do governo de Israel. Em uma quebra de protocolo, o ministro das relações exteriores do país, Israel Katz, convocou o embaixador brasileiro Frederico Meyer a comparecer ao Museu do Holocausto Yad Vashem.

Na ocasião, o chanceler de Israel condenou as falas de Lula e, em hebraico, o declarou “persona non grata”. A situação, considerada humilhante para o embaixador, teve uma repercussão ruim no Brasil e levou Mauro Vieira a convocar Meyer de volta. Em reunião com o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, o ministro das relações exteriores brasileiro demonstrou incômodo à reprimenda.

Como mostrou a coluna de Guilherme Amado, do Metrópoles, Vieira afirmou, nesta terça-feira (20/2), que Israel vive uma “página triste na diplomacia”. “Uma chancelaria dirigir-se dessa forma a um chefe de Estado, de um país amigo, o presidente Lula, é algo insólito e revoltante”, considerou.

“Estou seguro de que a atitude do governo Netanyahu e sua antidiplomacia não refletem o sentimento da sua população. O povo israelense não merece essa desonestidade, que não está à altura da história de luta e de coragem do povo judeu. Em mais de 50 anos de carreira, nunca vi algo assim”, disse.


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