A Walt Disney Company anunciou nesta segunda-feira (02) uma nova rodada de demissões, impactando centenas de funcionários em diversas divisões globais. Os cortes, que abrangem áreas como marketing de cinema e televisão, publicidade televisiva, casting, desenvolvimento e operações financeiras corporativas, fazem parte de um esforço contínuo da companhia para “operar de maneira mais eficiente”.
Esta é a quarta onda de desligamentos nos últimos 10 meses a afetar as operações de televisão da Disney, e segundo o portal Deadline, é a maior delas. A agência Reuters apurou que os cortes atingem múltiplas equipes em todo o mundo, com fontes do Deadline indicando que a magnitude dos desligamentos nos setores de cinema e televisão da Disney Entertainment é comparável, sem a eliminação de equipes inteiras. A maioria dos funcionários afetados da Disney Entertainment Television está localizada em Los Angeles.
Executivos e talentos impactados
Entre os executivos afetados está Eric Souliere, vice-presidente de casting da 20th Television, que trabalhava nas séries de Ryan Murphy “American Horror Story” e “9-1-1”. Souliere, no entanto, fará a transição para o casting do novo spin-off “9-1-1: Nashville”.
Também foi confirmada a saída de Tony Tompson, vice-presidente de Desenvolvimento de Conteúdo na Hulu Originals, que estava na plataforma de streaming há mais de seis anos. Outros executivos de desenvolvimento de menor nível, incluindo um gerente de programação dramática da ABC Hulu, também foram desligados.
Contexto de cortes anteriores e estratégia de Bob Iger
Esta nova onda de demissões se soma a uma série de cortes implementados pela Disney nos últimos meses. Em março, a empresa demitiu cerca de 200 funcionários de suas unidades ABC News Group e Disney Entertainment Networks, representando aproximadamente 6% da força de trabalho nessas divisões, conforme relatado pela Reuters.
Em outubro do ano passado, uma reestruturação significativa levou ao fechamento da ABC Signature, cujas operações foram fundidas com a 20th Television, e à consolidação das equipes de drama e comédia da ABC e Hulu Originals. Isso resultou em cerca de 30 demissões na Disney Entertainment Television. Anteriormente, em julho de 2023, a Disney Entertainment Television já havia passado por outra rodada de cortes que afetou cerca de 140 pessoas, aproximadamente 2% da força de trabalho total, sendo 60 delas da National Geographic.
Os atuais desligamentos fazem parte de um processo mais amplo de redução de custos iniciado por Bob Iger após seu retorno como CEO da Disney. No início de 2023, Iger estabeleceu uma meta de pelo menos US$ 7,5 bilhões em reduções de custos, com a eliminação de aproximadamente 7.000 postos de trabalho ao longo daquele ano.
Segundo o The Wall Street Journal, a Disney, assim como muitas outras companhias de entretenimento, está buscando maneiras de economizar custos nos últimos anos. A Reuters aponta que, em 2023, a Disney cortou 7.000 empregos como parte de um esforço para economizar US$ 5,5 bilhões.
Essa estratégia de redução de custos ocorre enquanto a Disney e outras empresas de mídia tradicional reestruturam seus negócios para se adaptar à migração das audiências da televisão a cabo para as plataformas de streaming.
Resultados financeiros e perspectivas
Apesar dos cortes, os resultados financeiros recentes da Disney têm sido positivos. Segundo o Deadline, os resultados do segundo trimestre da companhia superaram as expectativas de Wall Street no mês passado, impulsionados principalmente pelas experiências e esportes, com o streaming também entregando resultados sólidos.
O lucro operacional do segmento direto ao consumidor aumentou em US$ 289 milhões, atingindo US$ 336 milhões. A Reuters também menciona que o relatório de lucros mais recente da Disney excedeu as expectativas de Wall Street com um impulso inesperado do serviço de streaming Disney+ e fortes resultados dos parques temáticos. As ações da Disney, que subiram 21% desde o relatório de lucros, caíram 0,3% para US$ 112,62 na tarde de segunda-feira, de acordo com a Reuters.
Tendência de reestruturação na indústria
Os desligamentos na Disney ocorrem em um contexto mais amplo de reestruturação na indústria do entretenimento. O Deadline destaca que os cortes fazem parte de um processo contínuo de redução de custos em companhias de mídia tradicional, à medida que reformulam seus negócios para focar no streaming e enfrentam ventos econômicos adversos.
A Reuters ressalta que a Disney e outras companhias estão remodelando suas estratégias comerciais em resposta à migração das audiências da televisão a cabo para plataformas de streaming. Os cortes na Disney também vêm após desligamentos de pessoal na NBCUniversal, que está separando várias redes a cabo em uma nova empresa chamada Versant, conforme relatado pelo Deadline.
Em contraste com os cortes em outras divisões, na reunião anual de acionistas no início deste ano, Iger falou sobre a criação de novos empregos, principalmente na Disney Experiences, que inclui os parques temáticos.