O ex-assessor do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, Eduardo Tagliaferro, afirmou nesta quarta-feira (17) que foi procurado pelos Estados Unidos para enviar provas que, segundo ele, comprovariam supostas fraudes praticadas pelo gabinete de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) à época em que o ministro presidia a corte.
Durante depoimento na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara, no contexto do processo que pode cassar o mandato da deputada federal Carla Zambelli, Tagliaferro declarou: “Os Estados Unidos me procuraram para poder levar o material. Sim, me procurou. Porém, eu não tenho lado político. Não tenho esquerda, não tenho direita. Nunca fui uma pessoa envolvida em política até eu entrar no TSE. Enquanto eu tiver vida e liberdade, eu vou denunciar onde eu puder”.
Tagliaferro foi chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação no TSE durante a presidência de Moraes na corte eleitoral. Atualmente, ele está na Itália e é investigado por vazar mensagens trocadas por servidores do gabinete do ministro.
O ex-assessor afirmou ainda que é perseguido por Moraes e que não pretende se calar: “Enquanto eu estiver vivo, não vou me calar”. Ele acusou o ministro do STF de adulterar documentos para justificar operações da Polícia Federal e apresentou documentos que, segundo ele, comprovariam irregularidades, incluindo uma petição com data supostamente manipulada.
“Fui orientado a elaborar um documento após a realização de uma ação policial, mas a data teria sido retroativamente alterada para dar a impressão de que o material técnico havia sido produzido antes, servindo assim de respaldo jurídico para a operação”, explicou Tagliaferro. Metadados apresentados por ele indicam que o documento teria sido criado em 28 de agosto de 2022, às 10h33, mas foi incluído no processo com data de 22 de agosto.
Em nota, o ministro Alexandre de Moraes afirmou que “todos os procedimentos de investigação foram realizados de forma regular” e que a assessoria do TSE recolheu dados repassados às autoridades competentes.
Zambelli, que está presa na Itália aguardando julgamento de pedido de extradição para o Brasil, participou da oitiva por videoconferência e fez perguntas ao ex-assessor. Na última quarta-feira (10), a CCJ começou a ouvir testemunhas indicadas pela defesa da deputada, incluindo o hacker Walter Delgatti, que reafirmou ter sido orientado por Zambelli a invadir o sistema do CNJ e inserir um falso mandado de prisão contra Moraes.
‘Estados Unidos me procuraram’, diz Tagliaferro sobre envio de documentos contra Moraes
