Poucos brasileiros sabem, mas quem deliberou pela nossa independência foi uma mulher de 25 anos.
Foi Dona Leopoldina, a nossa então Princesa regente (tornou-se Imperatriz em 12 de outubro de 1822), que diante das pressões portuguesas, que queriam fazer o Brasil retornar ao status de colônia, tomou a decisão de reunir o conselho de estado e deliberar pela independência.
Ao final da reunião ela sacramentou com sua caneta a independência deste país em 2 de setembro de 1822, ao lado de José Bonifácio, nosso patriarca. Seria ela a nossa matriarca da independência.
Nascida em 23 de janeiro de 1797, no Palácio de Schonbrunn, em Viena, na Áustria.
Pouco mérito ou reconhecimento é dado àquela que aos 20 anos deixou sua terra natal e veio ao Brasil para aqui se encantar pela gente e pela terra.
Leopoldina tinha plena consciência de seu dever, fora educada para governar. Pertencia a família Habsburgo, cuja crença educacional acreditava que as crianças deveriam ser desde cedo inspiradas a ter qualidades elevadas, como humanidade, compaixão e desejo de fazer o povo feliz.
Ela teve uma formação científica e cultural sólida. Tinha conhecimentos em botânica e mineralogia, pintava, bordava e desenhava. Foi educada como uma mulher apta a governar. Tê-la como esposa era ter a melhor conselheira e estadista que um governante poderia desejar.
Quando chegou no Brasil, em 1817, ainda muito jovem, com 20 anos, se encantou por essa terra e por seu povo. Trouxe em sua comitiva artistas, como Debret e cientistas (botânicos, médicos, zoólogos, mineralogistas e entre outros) que organizaram uma expedição científica para estudar as desconhecidas terras do Brasil.
Consta que a própria Imperatriz participava de expedições.
Além disso, os primeiros imigrantes que se instalaram onde seria futuramente Nova Friburgo e Petrópolis, vieram em sua comitiva.
Fora regente nos conturbados momentos que antecederam a independência do país, onde teve que defender o Brasil de Portugal.
Foi também grande articuladora, junto com Bonifácio, do Dia do Fico, que marcou o primeiro passo para a independência.
Não foi Leopoldina uma mera espectadora da política que levou a separação de Brasil e Portugal, mas foi ela uma das sua principais articuladoras.
Sendo uma Habsburgo, foi criada para governar e “Abraçou o Brasil como seu país, e os brasileiros como seu povo e a independência como sua causa”, segundo o historiador Paulo Rezzutti, autor do livro “D. Leopoldina – a história não contada: A mulher que arquitetou a independência do brasil”.
Aparentemente foi ela que junto a Bonifácio enxergou o caminho que o Brasil deveria seguir, separado de Portugal. Ela agia por meio de conselhos pontuais e articulava nos bastidores.
Durante a vida, procurou formas de acabar com o trabalho escravo. Mesmo sem recursos mantinha projetos de caridade, chegando a vender suas joias para isso. Era vista distribuindo esmolas e muito ajudou a sustentar a Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro.
O apreço do povo era tamanho que quando a notícia de que estava doente se espalhou “A consternação no meio do povo era indescritível; nunca foi visto igual sentimento uníssono. O povo se encontrava literalmente nos joelhos rogando ao Todo Poderoso pela conservação da Imperatriz”, relato do embaixador da Prússia
Teve sua morte chorada por todo o país. Relata-se que o povo saiu às ruas em prantos ”Nossa mãe morreu. O que será de nós?”, bradava o povo consternado nas ruas.
Neste momento conturbado que o Brasil atravessa, 226 anos após sua vinda ao mundo, é ela um grande exemplo de governante, símbolo de esperança para um país governado por algozes que visam caos e a destruição. Um de seus legados é a elaboração da nossa bandeira.