Força Nacional reforça segurança após ataques a indígenas no Paraná

Após uma série de ataques violentos contra a comunidade indígena Avá-Guarani, o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) decidiu aumentar em 50% o efetivo da Força Nacional no oeste do Paraná. A medida visa intensificar a segurança e proteger a comunidade indígena na Terra Indígena Tekoha Guasu Guavirá, localizada entre Guaíra e Terra Roxa, onde recentes ataques deixaram cinco pessoas baleadas, incluindo duas crianças.

A Força Nacional está presente na região desde janeiro do ano passado, quando 30 agentes, entre policiais militares e bombeiros do Rio de Janeiro, foram designados para a área. Com o reforço, o número de agentes será ampliado, incluindo unidades de prontidão e sobreaviso, e o policiamento será realizado de forma integrada com a Polícia Militar do Paraná (PMPR) e a Polícia Federal (PF). As equipes extras estarão “totalmente operacionais” já neste sábado (4).

O ataque mais recente ocorreu na noite de sexta-feira (3), quando cinco indígenas foram baleados em uma área de disputa de terras entre Guaíra e Terra Roxa. Entre as vítimas estavam uma criança de 7 anos, um adolescente de 14 anos e outras duas pessoas de 25 e 28 anos, que estão internadas em estado grave. As investigações para identificar os responsáveis pelos ataques estão sob a responsabilidade da Polícia Federal, que trabalha em parceria com as forças estaduais e federais.

O MJSP informou que, além do policiamento intensivo, medidas preventivas já estão em curso para evitar a escalada de tensões na região. “As ações adotadas já restabeleceram a ordem, e medidas preventivas estão em curso para evitar a escalada de tensões”, declarou o ministério.

Em nota, o Ministério dos Povos Indígenas condenou os atos de violência contra o povo Avá-Guarani e acompanha a situação por meio do seu Departamento de Mediação e Conciliação de Conflitos Fundiários Indígenas.

A origem do conflito remonta à construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu, entre os anos de 1973 e 1982. A construção da usina resultou na retirada de indígenas de suas terras tradicionais, além da submersão de áreas sagradas, como cemitérios e o Salto de Sete Quedas, maior conjunto de cachoeiras do mundo em volume de água. Muitos dos indígenas reassentados foram enviados para Guaíra, onde continuam a reivindicar as terras que tradicionalmente ocupavam. Em razão disso, a disputa por terras entre indígenas e fazendeiros persiste até os dias atuais.

Para mediar esse conflito, foi criado, em julho de 2024, um grupo de trabalho da Secretaria de Estado de Segurança Pública do Paraná (Sesp), que conta com representantes de entidades ligadas aos direitos dos indígenas e de outras forças de segurança. O objetivo do grupo é discutir uma solução para a compensação de áreas e a realocação dos indígenas, incluindo a possibilidade de aquisição de um novo local pela Itaipu Binacional.


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