General G. Dias diz que acampamentos no QG eram “situação incômoda” para governo e Exército

O general Gonçalves Dias, ouvido nesta quinta-feira (22) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, em andamento na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), criticou a manifestação em frente ao Quartel-General do Exército. Avaliando o movimento como uma “situação incômoda”, ele disse considerar que o ato “não deveria ter sido permitido”.


Dias era o ministro de Estado Chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República em 8 de janeiro. Pressionado após a divulgação de imagens que o mostram circulando pelo Palácio do Planalto em meio às invasões, ele acabou pedindo exoneração.

Logo no início da oitiva, ele leu uma nota de defesa destacando alguns pontos que poderiam ser questionados. Segundo Dias, a permanência do acampamento em frente ao QG após a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) era algo incômodo para todos.

“Permanecia, contudo, a situação embaraçosa dos acampamentos de partidários do ex-presidente diante do Quartel-General do Exército, algo que não deveria ter sido permitido e o foi. O governo que assumiu herdou a situação. Ela era incômoda, seja no governo, seja no Comando das Forças Armadas e das Forças de Segurança. Estávamos decididos a pôr fim àqueles acampamentos.”

O ex-ministro do GSI ainda criticou a Secretaria de Segurança Pública do DF por não incluir o GSI na reunião de preparação contra os atos golpistas marcados.


“A Secretaria de Segurança Pública do DF fez uma reunião no dia 6 de janeiro com diversos órgãos e setores encarregados da segurança e prevenção de distúrbios na Esplanada, e não convidou o GSI para se integrar, isso é público.”

Sobre seu antecessor no GSI, o também general Augusto Heleno, G. Dias disse: “Não tive, especificamente, contato com o general Heleno. Não houve transição nenhuma. Também não houve transição nenhuma sobre o que estava acontecendo em frente ao QG”.

CPI do DF
Em andamento desde fevereiro deste ano, a CPI na Câmara Legislativa do DF já ouviu representantes do Exército, do governo Bolsonaro (PL), da Polícia Militar do DF e da Secretaria de Segurança Pública da capital. Entre os destaques, houve oitivas do ex-ministro Augusto Heleno e do general Gustavo Henrique Dutra, que chefiava o Comando Militar do Planalto (CMP).

Heleno deu um depoimento que, segundo deputados de esquerda, teve tom de deboche com a comissão. Ele chegou a defender o ato de 1964 e disse que não estava se referindo a Lula quando afirmou, antes da posse, que o “bandido” não subiria a rampa, além disso, negou qualquer ação contra o resultado das urnas, porém se negando a falar que confia totalmente no sistema eleitoral brasileiro.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

x