Lula faz críticas aos EUA na ONU; confira

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abriu a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta terça-feira (23) com críticas às sanções dos Estados Unidos e a forças políticas que considera antidemocráticas. “Em todo o mundo, forças antidemocráticas tentam subjugar as instituições e sufocar as liberdades, cultuam a violência, exaltam a ignorância, atuam como milícias físicas e digitais e cerceiam a imprensa”, afirmou o presidente.


Lula afirmou que o Brasil deu um recado sobre a defesa da democracia, em referência à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “Diante dos olhos do mundo, o Brasil deu um recado a todos os candidatos autocratas”, disse.

O presidente brasileiro disse que os ideais da ONU, fundados após a Segunda Guerra Mundial, “se veem ameaçados como nunca antes na sua história” e criticou o que chamou de “ataques contra a soberania, sanções arbitrárias e uma tendência crescente a intervenções unilaterais”.

Sobre o contexto interno, Lula afirmou que o país “optou por resistir e defender sua democracia, essa democracia que havíamos recuperado há 40 anos por seu povo, depois de 20 anos de governos dictatoriais”. O presidente também comentou a condenação de um ex-chefe de Estado, dizendo: “Falsos patriotas arquitetam e promovem publicamente ações contra o Brasil. Não há pacificação com impunidade. Há poucos dias, e pela primeira vez em 525 anos de nossa história, um ex-chefe de Estado foi condenado por atentar contra o Estado democrático de direito. Foi investigado, indiciado, julgado e responsabilizado pelos seus atos em um processo minucioso. Teve amplo direito de defesa, prerrogativa que as ditaduras negam às suas vítimas.”

No âmbito internacional, Lula disse que América Latina e Caribe devem permanecer como “zona de paz”, ressaltando a ausência de conflitos étnicos ou religiosos e de armas de destruição em massa. “Seguiremos como nação independente e como um povo livre de todo tipo de tutelagem”, afirmou.


O presidente alertou sobre o uso desproporcional da força em conflitos internacionais e mencionou a diferença entre a luta contra o terrorismo e o combate ao narcotráfico: “A maneira mais eficaz de lutar contra o narcotráfico é cooperar para reprimir o lavagem de dinheiro e constreñir o comércio de armas”.

Lula também falou sobre democracia e direitos sociais: “As democracias saudáveis vão além dos rituais eleitorais. Sua fortaleza supõe a redução das desigualdades e a garantia dos direitos fundamentais: alimentos, segurança, trabalho, moradia, educação e saúde”.

No tema da pobreza e segurança alimentar, ele disse que o Brasil “uma vez mais saiu do mapa da pobreza”, mas alertou que, globalmente, 670 milhões de pessoas enfrentam fome e 2,3 bilhões enfrentam insegurança alimentar.

O presidente propôs aumentar a assistência ao desenvolvimento, aliviar a pressão da dívida de países mais pobres e criar “normas internacionais de tributação mínima para que os super-ricos paguem mais impostos que os trabalhadores”. Ele também mencionou a necessidade de regulamentação da internet para proteger crianças e adolescentes: “Internet não pode ser a terra da anarquia. Depende dos governos proteger os mais vulneráveis. A regulamentação não supõe coartar a liberdade de expressão, mas garantir que o que é ilegal no mundo real tenha o mesmo tratamento no ambiente virtual”.

Em relação a conflitos internacionais, Lula afirmou que é necessário consolidar a governança multilateral e buscar soluções diplomáticas. Sobre Gaza, ele disse: “Os atentados terroristas que perpetrou Hamas são indefensáveis de qualquer perspectiva. Mas nada, absolutamente nada, justifica o atual genocídio em Gaza”

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