O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), acompanhado pelos ministros dos Transportes, Renan Filho, e da Casa Civil, Rui Costa, criticou duramente o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, nesta quarta-feira (22), durante evento de assinatura do contrato de concessão da BR-381, que liga Belo Horizonte a Governador Valadares, em Minas Gerais.
Lula aproveitou a ocasião para responder a críticas recentes de Zema, que questionou os vetos do presidente ao projeto de renegociação das dívidas dos estados com a União. Em seu discurso, Lula afirmou: “O governador de Minas Gerais deveria vir aqui e me trazer o prêmio, um troféu, do primeiro presidente da República que ele tem conhecimento que nunca vetou absolutamente nada de nenhum governador por ser contra ou por ser oposição.” O presidente também alfinetou Zema, dizendo que, se o governador tivesse algum prêmio para ele, poderia entregá-lo pessoalmente. “O que nós fizemos para os estados que não pagaram dívida talvez só Jesus Cristo fizesse, caso concorresse a Presidência da República”, completou.
A crítica de Zema estava centrada nos vetos de Lula a 11 trechos do projeto de renegociação das dívidas estaduais, que, segundo o presidente, visavam evitar impactos fiscais negativos nas contas da União. Entre os trechos vetados estavam disposições que permitiriam o uso de verbas do fundo de equalização para abater juros e outras concessões financeiras, o que gerou descontentamento entre governadores, inclusive Zema.
Em seu discurso, Lula ainda expressou que, apesar da “profunda crítica desnecessária” de Zema, ele preferia focar no momento positivo da assinatura da concessão e “relevar” as críticas do governador, destacando que seu papel como presidente não era falar mal de alguém em um evento como aquele.
Renan Filho e Rui Costa também se manifestaram durante a cerimônia, rebatendo as críticas de Zema. “Ao invés de agradecer que o presidente colocou as questões políticas de lado, colocou o povo de Minas Gerais como o maior interessado nesse acordo, o governador vai de forma ingrata agredir o presidente [Lula]”, disse Rui Costa. O ministro também fez questão de lembrar que, em 2024, foram realizados quatro leilões para Minas Gerais e destacou: “Nunca nenhum governo deu tanta atenção à Minas Gerais quanto o senhor [Lula] está dando agora.”
Renan Filho, por sua vez, lamentou a ausência de Zema no evento e afirmou que, em seu governo, o estado tem recebido atenção sem precedentes. “Vi governador de Minas Gerais cobrando investimentos, no governo passado e agora, mas não o vejo aqui neste momento. Parece que a cobrança é mais política e menos pela obra. Isso apequena o gestor público”, afirmou.
A cerimônia de assinatura ocorreu no Palácio do Planalto e teve como ponto central a concessão da BR-381, conhecida como a “rodovia da morte”, que, a partir de agora, será administrada pela Concessionária Nova 381. A estrada, que abrange 303 km e passa por 13 cidades, receberá R$ 10 bilhões em investimentos nos próximos 30 anos. A BR-381 tem sido palco de tragédias, com 3.960 acidentes registrados entre 2018 e 2023, resultando na morte de 420 pessoas. A expectativa é que a concessão beneficie cerca de quatro milhões de pessoas e gere 83 mil empregos diretos e indiretos.
O projeto de concessão inclui a duplicação de 106 km da rodovia, 83 km de faixas adicionais, correções de traçado, além da construção de passarelas e áreas de descanso para caminhoneiros. O pedágio será gratuito no primeiro ano, com descontos para usuários frequentes após esse período.
Os municípios beneficiados pela concessão incluem Belo Horizonte, Governador Valadares e outras cidades ao longo do trajeto. A concessionária também implementará melhorias para aumentar a segurança viária, com ênfase na reabilitação da rodovia nos primeiros 100 dias.
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