O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) denunciou à Justiça o hacker Cayo Lucas Rodrigues dos Santos, de 22 anos, preso em Olinda (PE) em 25 de agosto, sob a acusação de ameaçar de morte o influenciador Felipe Bressanim, conhecido como Felca, e a psicóloga Ana Beatriz Chamati. As intimidações ocorreram após a repercussão do videodocumentário “Adultização”, publicado em agosto nas redes sociais.
De acordo com a denúncia, Cayo integra o grupo criminoso digital conhecido como “Country”, que é investigado por pedofilia, estupros virtuais, ameaças a autoridades e outros crimes. Ele teria enviado mensagens por e-mail e telefone exigindo a retirada do documentário do ar. O vídeo expõe como influenciadores digitais lucram explorando e sexualizando crianças e adolescentes, além de mostrar a circulação desse conteúdo entre pedófilos.
Durante as investigações, a Polícia Civil descobriu que o hacker chegou a forjar um mandado de prisão contra Felca e planejava incluí-lo no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP). Ele também mantinha uma tabela com valores que variavam de R$ 20 a R$ 50 mil por seus “serviços” ilegais. Em depoimento, o acusado negou as ameaças, mas admitiu comercializar dados de sistemas governamentais, afirmando ter lucrado mais de R$ 500 mil.
Além de Cayo, a polícia apreendeu em Arapiraca (AL) um adolescente de 17 anos que teria atuado com ele. Também foi preso em flagrante Paulo Vinicius Oliveira Barbosa, de 21 anos, apontado como integrante do mesmo grupo e suspeito de acessar sistemas do governo de Pernambuco.
O Núcleo de Observação e Análise Digital (Noad) da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo aponta que o “Country” reúne ao menos 708 usuários em plataformas como Telegram e Discord. O grupo é acusado de compartilhar imagens de abuso sexual infantil, promover estupros virtuais, maus-tratos a animais, ataques a moradores de rua, apologia ao nazismo e até desafios de automutilação e incentivo ao suicídio entre adolescentes.
Segundo a Promotoria, Cayo responderá por ameaça, associação criminosa e corrupção de menor. Caso a Justiça aceite a denúncia, ele se tornará réu.
Desde novembro de 2024, operações coordenadas pelo núcleo da SSP resultaram na prisão de cerca de 20 integrantes ligados a crimes digitais e, segundo a polícia, ajudaram a salvar mais de 200 vítimas em situações de risco.