Depois de ser criticado pelos Estados Unidos e pela União Europeia por não condenar a invasão da Ucrânia pela Rússia, Lula voltou a ser questionado pela imprensa europeia sobre sua posição acerca da guerra e se eximiu de responder sobre a quem pertence a Crimeia.
Depois de protestos em Portugal, onde chegou no dia 21 e permaneceu até terça-feira (25/4), o presidente brasileiro disse condenar a invasão da Ucrânia. Na Espanha, ele concedeu entrevista coletiva, nesta quarta-feira, 26, e retomou o tom de neutralidade.
“Não cabe a mim decidir de quem é a Crimeia. Quando se sentar em uma mesa de negociação, pode-se discutir qualquer coisa, até a Crimeia. Mas quem tem de discutir isso são os russos e os ucranianos. Primeiro para a guerra, e depois vamos conversar. Cada um acha que tem razão, acha que pode mais, o dado concreto é que o povo está morrendo. E só tem um jeito, é parar para fazer o acordo”, declarou Lula nesta quarta-feira.
A maior parte da comunidade internacional não reconhece a anexação russa da Crimeia, a península ucraniana invadida por tropas russas em 2014. Nesses nove anos, apenas alguns países, como as ditaduras comunistas da Coreia do Norte e da Venezuela, declararam reconhecer a península como parte da Rússia.
Para o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, a reconquista da região é um ponto inegociável para o fim da guerra.
Lula, porém, disse que é mais importante parar a guerra que apontar quem está certo ou errado. “Ninguém pode ter dúvida que nós, brasileiros, condenamos a violação territorial que a Rússia fez contra a Ucrânia. O erro aconteceu, a guerra começou. Agora, não adianta ficar dizendo quem está certo ou errado, o que precisa é fazer a guerra parar. Você só vai discutir um acerto de contas quando pararem de dar tiros”, declarou.
Além disso, o presidente brasileiro disse que é o único líder mundial interessado na paz. “Acho que ninguém está falando em paz no mundo. Não tem ninguém, a não ser eu, que estou gritando paz, como se estivesse isolado no deserto. Já falei em paz com o [Joe] Biden, com o Olaf Scholz, com o [Emmanuel] Macron, fui conversar com Xi Jinping, falei com o presidente Pedro, com o presidente e o primeiro-ministro de Portugal.”
Lula se reuniu na manhã desta quarta-feira com o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, no Palácio de Moncloa, sede do governo espanhol, em Madri. Além da guerra, Lula falou sobre negociação do acordo entre o Mercosul e a União Europeia; investimentos internacionais na Amazônia; e a cooperação Brasil−Espanha.
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