Assisti esses dias a um vídeo aterrador. Nele, um apresentador entrevistava pesquisadores de Cingapura que estavam usando corpos de escaravelhos controlados através de impulsos elétricos como uma solução robótica-biológica. Ao ligar um controlador de certa forma o escaravelho começava a andar. Depois, a correr e a fazer o que o pesquisador julgasse adequado.


No futuro, então, a maravilha de termos insetos espiões entre nós, controlados por agentes ricos, poderosos e sem o menor resquício de moral. Evidentemente tais tecnologias não são isoláveis e em breve todo o mundo terá acesso a elas. Um presidente poderá morrer por uma estranha picada de escorpião. Um piloto de avião poderá ficar paralisado num momento crucial por uma bizarra picada de aranha. Imaginem o que a criatividade do mal fará com isso?

Ah, sim, naturalmente os escaravelhos do vídeo estão vivos e agindo contra seus impulsos. Isso só tornou a coisa mais divertida para todos os envolvidos. Já adianto onde isso vai chegar. Controle muscular e neuronal de humanos. É óbvio mas deve ser dito para registro.

Tal barbaridade está diretamente conectada a uma profunda deturpação moral que encontra seu outro extremo no chamado “trans-humanismo”. Não se trata aqui de questões de sexo mas da mistura de homem, máquina, animal e o que for necessário para se atingir determinado objetivo. Liberais torcerão o nariz a essa crítica, incomodados. Afinal, qualquer um deve poder fazer o que quiser com o seu corpo. Tratarei desse aspecto mais adiante.

Esse assunto não é nenhuma novidade, realmente. O grande C. S. Lewis já o expunha em todo o seu horror no livro “Uma força tremenda”, terceiro volume da Trilogia Cósmica. Não se enganem pelo nome algo fantástico. Trata-se de uma obra importantíssima sob vários aspectos.


Claro que temos que citar o livro “Frankestein”, de Mary Shelley, como hino ao trans-humanismo. A diferença de abordagem moral de ambos é devastadora, por sinal.

Para quem olha o assunto de perto fica evidente o gigantesco desvio ético que esse assunto apresenta. E a nossa atual negativa em sequer considerar tais aspectos éticos é algo que tem raízes tão profundas quanto fedorentas. Vamos dar uma olhada nisso agora.

Como era a vida dos nossos ancestrais, e como viemos avançando (no tempo apenas, deixo bem claro)? Bem, desde que formamos nossas primeiras tribos pré-históricas o homem vem matando o homem sem nenhuma preocupação ou remorso. Essa barbárie se estendeu por milênios enquanto íamos nos sofisticando e nos desenvolvendo.

As noções de sociedade foram surgindo assim como noções de direitos. Mas a matança continuava. O ser humano descobriu a utilidade econômica da escravidão e dela todos fizeram uso, desde os egípcios e demais povos africanos até os gregos e romanos. Matar e escravizar era tão comum quanto guerrear, caçar e respirar. Mas era o caminho natural da Humanidade.

Deus já havia mostrado muito através de profetas por todo lado, e Sua mensagem foi especialmente ouvida pelo povo judeu. Simultaneamente os romanos decidiam exterminar Cartago do mapa. Cartago foi o filhote armado dos fenícios. Destes herdaram o gosto deformado por riqueza, um prenúncio do falso materialismo e o pragmatismo exibido no culto a Baal. Numa espécie de versão primordial de Saul Alinsky, para quem tudo vale na busca pelo poder, esse braço cultural sacrificava crianças com regularidade satânica. Se dava resultado, por que não o fazer? Tal raciocínio foi uma bola de fogo venenoso que veio rolando até os dias atuais, incentivando o trabalho de laboratórios como o de Wuhan.

Mas os romanos os venceram em combate e decretaram o seu fim, o extermínio daquela cultura. O Mal foi vencido pelos que iriam ser os futuros curadores da Nova Aliança. O senador romano Catão, ao proferir sua famosa frase “Delenda Cartago” (perdoem a simplificação), estava tomando uma decisão transcendental. Estava afirmando que tal mal não seria tolerado e estava capacitando Roma a ser um local digno do nascimento do próprio Deus feito homem. Querer sempre foi poder e as consequências de nossas ações podem afetar todo a realidade.

Nasceu então aquele que mudaria a face da Terra. Jesus trouxe a noção da divindade da vida humana de forma mais clara e pujante do que jamais havia sido exposta. Seus padres e santos se espalharam pela Europa, entre palestras e martírios, freando a ação puramente material e pragmática daqueles que não haviam ainda conhecido a Verdade. Os dinamarqueses deixaram de lançar seus vikings ao mar, godos passaram a construir catedrais ao invés de palhoças de conselhos de guerra e celtas defenderam a Cristandade nas portas dos Pirineus.

Pela primeira vez na história da Humanidade uma fortíssima mensagem de amor brilhou, forte o bastante para não se permitir calar, possante no uso de armas para a defesa da vida e da Verdade. Deus e o Homem caminharam de braços dados por alguns séculos.

Mas a tentação do poder sempre esteve entre nós. Por que deveria um homem poderoso se curvar a uma instância superior? O homem deveria suplantar Deus. Assim pensaram os iluministas e fizeram o possível para acabar com a transcendência, ignorantes da sua própria origem e do custo tremendo que foi a conversão do utilitarismo pueril para uma cosmovisão abrangente e humanitária.

O caminho descendente foi ligeiro. Quebraram-se os dogmas que mantinham o tecido social coeso. Estilhaçaram a percepção da Verdade por toda a Cristandade. Como os descobridores com seus espelhos e contas, ao Ocidente foram oferecidos brinquedos e prazer. O liberalismo ascendeu, de braços dados ao hedonismo e à negação de qualquer possibilidade de submissão. O homem estava enfim no poder!

As decorrências óbvias desse caminho apareceram. Rousseau teorizava sobre educação e a sociedade enquanto matava seus filhos no abandono de orfanatos. Marx pregava lutas sanguinárias e escravidão como o caminho para o paraíso na Terra. Outros mais vieram, dezenas, centenas. Quase todos bebendo na fonte mais sincera deles, um louco psicopata chamado Marquês de Sade.

Este influenciou grandemente todos os “pensadores” franceses, os soixant-huit-REtards que ainda hoje assombram nossas salas de aula, exigindo que celebremos um movimento liderado por um pedófilo (Daniel Cohn-Bendit).

Mas estávamos todos preocupados em conseguir adquirir nossos presentes. Aquela viagem, aquele cargo, aquele carro novo. Numa ode de materialismo observamos o mundo regredir à barbárie, com milhões de crianças sacrificadas anualmente em altares diferentes. Um mundo onde um país pode pesquisar formas de exterminar a humanidade em segurança, inclusive com financiamento de seus maiores inimigos.

Um mundo de traidores, canalhas e hedonistas.

Tudo pode, desde que dito com finesse, desde que se envergue ternos chiques em palácios requintados. Tudo pode, desde que seja para tudo poder.

O caminho para a recuperação é tão difícil quanto evidente e a ele dedico esse texto. Um caminho onde o homem retorna à humildade de sua época mais brilhante. Onde o homem se submete, ciente de suas tremendas falhas e da verdade de seu aspecto transcendental. Um caminho de renúncia de prazeres e de dedicação ao Bem, ao Belo e ao Verdadeiro.

Um caminho que de fato traz muito mais prazer, uma alegria muito mais duradoura e justificada que a atual corrida desembestada por uma vaga no carrão do corrupto sorridente da vez.

Um caminho que permite aos que nele caminham a visão da realidade sem as névoas cintilantes das aparências e das mentiras.

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