OEA critica governo Lula após deixar aliança em memória do Holocausto

O comissário da Organização dos Estados Americanos (OEA) para o Monitoramento e Combate ao Antissemitismo, Fernando Lottenberg, classificou como “equívoco” a decisão do governo brasileiro de se retirar da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA). Em declaração feita nesta sexta-feira (25), Lottenberg afirmou que a saída ocorre em um momento delicado de tensão diplomática entre Brasil e Israel e compromete o combate global ao antissemitismo.


“A definição de antissemitismo da IHRA representa um importante instrumento que, apesar de não ter valor jurídico vinculante, é adotado por mais de 45 países e 2.000 instituições em todo o mundo para informar, identificar e combater o antissemitismo”, disse o comissário.

Criada em 1998, a IHRA é uma organização intergovernamental voltada à promoção da memória do Holocausto e ao enfrentamento do antissemitismo. O Brasil participava como membro observador desde 2021. A retirada foi formalizada pelo governo Lula sob o argumento de que a adesão feita durante a gestão de Jair Bolsonaro ocorreu de maneira inadequada.

A decisão ocorre em meio a um agravamento das relações diplomáticas com Israel, impulsionado por posicionamentos do governo brasileiro em relação à guerra na Faixa de Gaza. Na quarta-feira (23), o Brasil passou a integrar formalmente o processo movido pela África do Sul contra Israel na Corte Internacional de Justiça, acusando o país de genocídio.

Para Lottenberg, embora o Brasil tenha o direito de criticar ações do governo israelense e manter desacordos diplomáticos, isso não deve ser confundido com o papel da IHRA. “Esses fatos nada têm a ver com o trabalho de extrema relevância da IHRA”, afirmou. Ele também destacou que o Brasil possui a segunda maior comunidade judaica da América Latina e que integrar a aliança representa um “comprometimento com a cultura de paz e com a promoção da educação”.


Em nota publicada nas redes sociais na quinta-feira (24), o Ministério das Relações Exteriores de Israel criticou duramente as recentes decisões do governo Lula, classificando-as como uma “profunda falha moral”.

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