O papa Francisco chamou de “hipocrisia” criticar a possibilidade de abençoar casais homoafetivos, enquanto “ninguém fica escandalizado” se ele der a bênção “a um empresário que talvez explore pessoas”. As declarações constam em uma entrevista que será publicada, nesta quinta-feira (8), na revista católica Credere.
– Ninguém fica escandalizado se eu der a minha bênção a um empresário que talvez explore as pessoas e isso é um pecado gravíssimo. Enquanto eles ficam escandalizados se eu der a minha bênção a um homossexual… Isso é hipocrisia – afirmou.
O pontífice acrescentou que “o cerne do documento é bem-vindo”, ao responder às críticas a Fiducia Supplicans, texto publicado pela Congregação para a Doutrina da Fé no qual explicava que os casais considerados “irregulares” pela Igreja, incluindo os do mesmo sexo, poderiam ser abençoados.
A histórica abertura do papa Francisco à bênção de casais do mesmo sexo ou em situação “irregular” como os divorciados recasados, tem sido saudada por muitas conferências episcopais do mundo, mas a ala mais conservadora a classifica de “blasfêmia” e outros bispos, como os africanos, seguem mostrando sua rejeição.
Em outro trecho antecipado da entrevista, o papa destaca que “abrir o trabalho na Cúria às mulheres é importante”.
– Na Cúria romana existem agora várias mulheres porque desempenham certas funções melhor do que nós, homens – comentou Francisco.
Ainda sobre o seu estado de saúde, repete uma das frases que tem proferido nos últimos meses para tranquilizar sobre seu estado de saúde e seus problemas de mobilidade.
– A Igreja se governa com a cabeça, não com as pernas.
Na entrevista, ele pede também uma Igreja mais próxima do povo.
– As pessoas sofrem muito… nós, clérigos, às vezes vivemos confortavelmente… precisamos ver o trabalho, o sofrimento do povo – falou.
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