A Polícia Civil de Piquete, a 208 km da capital paulista, solicitou à Justiça prorrogação da investigação por suposta tentativa de homicídio privilegiado contra o pré-candidato a prefeito de São Paulo Pablo Marçal (PRTB) por colocar a vida de 30 pessoas em risco durante uma escalada ao Pico dos Marins durante uma madrugada chuvosa no Vale do Paraíba. A pena vai de 6 a 20 anos de reclusão, mas é reduzida de um sexto a um terço (art. 121, parágrafo 1º, do Código Penal).
As autoridades policiais pediram nesta quinta-feira (11) mais 90 dias para finalizar o inquérito. A dilação de prazo tem aval do Ministério Público, mas por 30 dias apenas. O caso será decidido pela Vara Única de Piquete.
Durante a escalada no interior paulista, pessoas passaram mal diante das condições climáticas adversas. Marçal, à época, afirmou que não mandou ninguém subir a montanha e que cada um foi responsável pelos próprios atos. Marçal tentou junto ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) trancar o inquérito conduzido no interior, mas não conseguiu e a investigação continuou.
O local no Vale do Paraíba é conhecido pelo turismo montanhoso e conta com 2.420 metros de altitude. De maneira recorrente, no entanto, a Defesa Civil alerta para condições difíceis para a aventura no local. À época, o pré-candidato afirmou em postagem no Instagram – que foi apagada – que aquele “foi o pior dia de nossas vidas”.
No fim de junho deste ano, o Ministério Público de Piquete obteve uma autorização da Justiça para apurar se Pablo Marçal, pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, descumpriu medidas cautelares impostas a ele em janeiro de 2022 – no caso do Pico dos Marins.
A promotora Renata Galhardo Cheuen disse ter tomado conhecimento do programa La Casa Digital, reality show com participação de Marçal em maio deste ano. Ao portal Migalhas, o ex-participante Luiz Gabriel Godoy afirmou ter enfrentado situações de desrespeito e maus tratos durante sua participação, tendo sido, inclusive, submetido a “treinamentos físicos intensos”.
Se a alegação de Luiz Gabriel proceder, pode ser configurado o descumprimento de uma medida cautelar expedida contra Pablo Marçal em janeiro de 2022. Na ocasião, o então coach foi proibido pelas autoridades de realizar “qualquer atividade externa na natureza (seja em montanhas, picos, rios, lagos, mares, ou em locais correlatos), por si ou por interposta pessoa sem prévia e expressa autorização”.
Em nota, Marçal negou descumprimento de cautelar.
– Não colocamos nenhum participante em risco físico durante o evento. Vale ressaltar que minha participação no evento foi meramente como apresentador, não sendo eu o organizador – disse trecho da nota.