Tarcísio afirma que crime organizado é o “principal risco ao Brasil”

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou nesta quarta-feira (29) que o crime organizado é atualmente o maior risco ao Brasil, superando até mesmo questões fiscais. As declarações foram feitas em uma série de postagens em seu perfil no X (ex-Twitter), um dia após a megaoperação mais letal da história do país, realizada na terça-feira (28) nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro.

A ação policial no Rio, que envolveu as Polícias Civil e Militar, deixou 121 mortos, superando o Massacre do Carandiru, em 1992, em São Paulo, que resultou em 111 mortes.

Segundo Tarcísio, o episódio no Rio evidencia o crescimento do tráfico de drogas e de um poder paralelo que desafia a lei, ameaça vidas e afasta o Estado da vida dos cidadãos.

“O que estamos vendo no Rio de Janeiro expõe a dimensão de um problema que, há décadas, só se agrava: o avanço do tráfico de drogas e a força de um poder paralelo que afronta a lei, ameaça a vida e expulsa o Estado da vida do cidadão”, disse o governador paulista.

O governador também fez críticas ao governo federal, afirmando que o país falhou na fiscalização de suas fronteiras, já que a maior parte das armas e drogas comercializadas no Brasil não é produzida localmente.

Tarcísio destacou que é necessário retomar o papel do Estado para garantir que a população viva com segurança e dignidade, ressaltando a importância da cooperação e do compartilhamento de informações. Segundo ele, o que está em jogo é o próprio sentido da soberania.

Além disso, o governador mencionou a necessidade de avançar no combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento do crime e questionou:


“Por que é tão fácil operar ilegalmente no setor de combustíveis? E por que ainda não aprovamos regras mais duras para o devedor contumaz?”

As declarações reforçam a postura de Tarcísio como um possível adversário do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2026, posicionando-se como defensor de políticas de segurança mais rígidas e de maior controle sobre o crime organizado.


Eis a íntegra da declação de Tarcísio:

Temos afirmado que a atuação do crime organizado é, hoje, o principal risco ao Brasil, maior até do que o risco fiscal. O que estamos vendo no Rio de Janeiro expõe a dimensão de um problema que, há décadas, só se agrava: o avanço do tráfico de drogas e a força de um poder paralelo que afronta a lei, ameaça a vida e expulsa o Estado da vida do cidadão.

Não há solução simplista. Não é mais admissível que cidadãos sejam obrigados a abandonar suas casas ou seus negócios por ordem de criminosos. Tampouco é aceitável a existência de barricadas que delimitam territórios onde traficantes se tornam soberanos, impondo e vendendo produtos e serviços que deveriam ser de livre escolha de qualquer pessoa.

Não se pode imaginar que esses criminosos não sabem o que fazem ou que são vítimas da sociedade. Eles impõem o terror, atacam agentes de segurança do Estado, escravizam pessoas e levam dor e sofrimento a inúmeras famílias.

O enfrentamento exige presença, integração, inteligência e coragem. E é fundamental lembrar a dimensão territorial do problema. Clausewitz dizia que uma guerra só é vencida quando o território é conquistado, o poder militar é destruído e a vontade é subjugada.


As armas e drogas comercializadas no país, em sua grande maioria, não são produzidas aqui. Então, como chegaram às comunidades do Rio? Por onde entraram? Isso evidencia o quanto o Estado tem falhado na vigilância de suas fronteiras.

Também é necessário avançar no combate à lavagem de dinheiro e no financiamento do crime. Por que é tão fácil operar ilegalmente no setor de combustíveis? E por que ainda não aprovamos regras mais duras para o devedor contumaz?

Cooperação e compartilhamento de informações são fundamentais. O que está em jogo é o próprio sentido de soberania. O Estado precisa retomar seu papel e devolver às pessoas o direito de viver com segurança e dignidade.

Isso só será possível com convicção, liderança e vontade. A pergunta que fica é: que país queremos deixar para nossos filhos e netos? Minha solidariedade ao governador Cláudio Castro, às famílias dos policiais que tombaram heroicamente em combate e à população que sofre as consequências dessa violência desmedida.

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