Chipre, um país insular localizado no leste do Mar Mediterrâneo, não tem, estrutura para fazer um transplante de coração. O Ministério da Saúde pediu a transferência do menino, mas não consegue. Ele tem 03 anos e, a justificativa é que os seus pais não foram vacinados.
O menino, que não foi identificado, foi hospitalizado com uma doença cardíaca grave. Como os hospitais cipriotas não conseguiram realizar o procedimento necessário, o Ministério da Saúde providenciou para que o menino fosse levado de ambulância aérea para a Alemanha na quinta-feira (03/02).
Chipre sugeriu que a criança pudesse ser acompanhada por um tutor legal em vez dos pais, mas esta sugestão foi recusada.
Um funcionário do Ministério da Saúde alemão confirmou que não há regra que diga que os hospitais não podem tratar pessoas não vacinadas, muito menos crianças cujos pais não são vacinados. No entanto, o funcionário acrescentou que cada hospital tem suas próprias restrições e faz seus próprios acordos com os pacientes.
“As políticas de saúde – incluindo políticas de vacinação – e sua implementação concreta são de responsabilidade dos estados membros, não da Comissão”, disse um porta-voz do departamento de saúde da Comissão Europeia.
As autoridades cipriotas tentaram obter centros de saúde especializados no Reino Unido e em Israel para realizar a operação, mas foram recusados pelo mesmo motivo alegado pela Alemanha.
No entanto, a criança foi transportada de avião para a Grécia, país vizinho, no sábado (05/02) e, será operada em um hospital privado em Atenas, de acordo com a diretora-geral do Ministério da Saúde cipriota, Christina Yiannaki.
Os pais foram vacinados na quinta-feira, mas ainda terão que esperar seis semanas para serem aceitos pelos hospitais estrangeiros e a criança deve ser operada imediatamente.
“Sei que pacientes não vacinados são internados em hospitais na Alemanha”, disse o pai do menino, Alexey Matveev, cidadão russo que vive em Chipre. Se eu soubesse é claro que teria feito… estou saudável e não queria ser vacinado. Acho inapropriado que alguém saudável seja vacinado.”
Yiannaki disse que os pais foram informados com antecedência sobre a necessidade de vacinação.
Autoridades cipriotas disseram ter sugerido que os pais tomassem a vacina de dose única J&J, para acelerar o processo, mas recusaram. Matveev rejeitou essa alegação e disse que recebeu a vacina da Pfizer a conselho do centro médico alemão.
A criança foi operada novamente no verão, mas apenas um teste de PCR foi necessário para que os pais o acompanhassem, de acordo com Avraam Elia, diretor da clínica de pediatria do hospital Makarios, onde a criança estava internada. As autoridades cipriotas disseram ter alertado os pais de que as regras podem mudar e que a vacinação pode ser necessária.
O caso da criança destaca a questão ética de se os médicos devem rejeitar pacientes não vacinados ou, neste caso, pais não vacinados.
Um hospital em Boston, nos EUA, rejeitou um paciente de 31 anos para um transplante de coração, pelo menos em parte, porque ele não está vacinado contra o coronavírus, disse seu pai.
O Brigham and Women’s Hospital, em Boston, tirou DJ Ferguson de sua lista de transplantes, dizendo em comunicado à BBC que, devido à escassez de órgãos disponíveis, eles precisam fazer tudo o que puderem “para garantir que um paciente que recebe um órgão transplantado tenha a maior chance de sobrevivência”. *Com informações do site europeu Político.