Um professor do Departamento de Química da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto foi afastado do exercício do cargo depois de ter sido denunciado por assédio sexual e moral por 16 alunas. José Maurício Rosolen era alvo de averiguação preliminar desde setembro do ano passado.
Trata-se do segundo professor da USP afastado por denúncias de assédio somente neste ano. Rosolen é professor da USP desde 1997. De acordo com nota da faculdade, “foi instaurado um processo administrativo disciplinar em desfavor do docente. Para preservar os envolvidos e para que o processo ocorra sem influências das partes, ele foi afastado de suas atividades pelo prazo de 180 dias”.
De acordo com o regimento interno da USP, o processo administrativo tem prazo de 90 dias para ser concluído. Ele parte da audição das denunciantes e do exame das provas da acusação e, em seguida, segue para a análise da defesa.
“ACORDO TÁCITO”
Segundo as denúncias, havia “um acordo tácito” entre os alunos para que nenhuma mulher fosse deixada sozinha com o professor tanto na sala de aula quanto no laboratório.
Ainda conforme as denunciantes, ele se aproximava das alunas, tentando estabelecer alguma conexão, fazendo convites, oferecendo viagens e passeios. O assédio escalava para tentativas de beijos forçados e toques em suas partes íntimas. Quando não havia reciprocidade, ele retaliava com ameaças de cortes de bolsas de estudo.
– Logo na primeira semana [de aula] já começaram umas coisas muito esquisitas, alguns comportamentos inadequados. Ele me chamando para fazer ginástica com ele na USP, me cobrando para ir com roupa de ginástica – disse uma das estudantes para o site de notícias G1.
A aluna ainda relatou que recebeu convites para viagens e para dividir quarto, pois eram solteiros. Outra estudante relatou situações de assédio envolvendo o mesmo docente no pós-doutorado, há cerca de três anos.
FACULDADE DE DIREITO
No início do mês, a Faculdade de Direito da USP instaurou um processo administrativo disciplinar contra o professor Alysson Leandro Barbate Mascaro. O docente é suspeito de assediar dez alunos.
A medida ocorreu após o término dos trabalhos da apuração preliminar das denúncias. O professor foi afastado em dezembro e, segundo a instituição, permanecerá fora dos quadros da universidade por mais 120 dias. Mascaro nega as acusações.
A comissão que investiga o caso terá um prazo de 90 dias (prorrogáveis, se necessário) para conclusão dos trabalhos, contados a partir da citação. A depender das conclusões da investigação, o professor poderá ser exonerado.
O primeiro afastamento cautelar foi publicado em portaria em dezembro de 2024 e solicitado pelo presidente da apuração preliminar. No documento, o diretor afirmava que havia “fortes indícios de materialidade dos fatos e que estes envolvem possível enquadramento típico de assédio sexual vertical”.
Na ocasião, a defesa do docente rebateu as acusações e alegou que “aguarda o desfecho da investigação para que os fatos sejam devidamente esclarecidos”. Segundo seus advogados, “perfis fakes de Instagram são criados para propagar calúnias”.