Venezuela revoga licenças aéreas de Gol, Latam e outras companhias

O regime de Nicolás Maduro revogou, nesta quarta-feira (27), as concessões de voo das companhias Iberia, TAP, Avianca, Latam Colombia, Turkish Airlines e Gol. A decisão foi anunciada após o governo venezuelano acusar as empresas de “se somarem às ações de terrorismo de Estado” supostamente promovidas pelos Estados Unidos e de suspenderem operações “de maneira unilateral” para e a partir da Venezuela. As informações constam em um comunicado do Ministério dos Transportes e do Instituto Nacional de Aeronáutica Civil (INAC).


A medida foi confirmada depois do prazo de 48 horas concedido pela ditadura para que as companhias retomassem suas rotas. O período expirou ao meio-dia desta quarta-feira (16h GMT), sem que nenhuma das empresas restabelecesse seus voos.

“Se em 48 horas vocês não reanudarem os voos, não reanudam mais”, declarou o poderoso ministro do Interior, Diosdado Cabello, justificando a decisão durante seu programa semanal Con el mazo dando, transmitido pela TV estatal VTV.

Suspensão após alerta dos EUA

As companhias internacionais haviam interrompido suas operações após a Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA) emitir, na sexta-feira passada, um alerta às empresas aéreas. No aviso, a agência recomendou “extrema cautela” ao sobrevoar a Venezuela e o sul do Caribe devido a uma “situação potencialmente perigosa na região”. Após o comunicado, diversas operadoras cancelaram ou ajustaram rotas envolvendo o território venezuelano.

Cabello afirmou que o regime mantém total controle sobre o espaço aéreo nacional.
“O governo do meu país decide quem voa e quem não voa. O governo se reserva o direito de admissão”, disse. Ele classificou a decisão como um ato de “defesa da soberania” diante de pressões externas.


“Fiquem com seus aviões”

Ainda em seu programa, Cabello intensificou o discurso contra as empresas estrangeiras:
“Fiquem vocês com seus aviões e nós ficamos com nossa dignidade. Pronto, não há problema”, afirmou. Ele reiterou que o governo Maduro não aceitará que companhias internacionais alterem suas operações com base em orientações de outros governos ou agências estrangeiras.

Aeroportos seguem com operações reduzidas

Apesar do corte, outras empresas continuam operando na Venezuela. Entre elas estão Copa, Wingo, Boliviana de Aviación e Satena, além das venezuelanas Avior e Conviasa (estatal). Até o momento, nenhuma dessas companhias anunciou restrições diretamente ligadas ao alerta da FAA.

O cenário aéreo turbulento também afeta empresas venezuelanas que operam rotas internacionais por meio de parcerias. A Laser e a Estelar informaram na terça-feira (26) a suspensão temporária dos voos para Madri até 1º de dezembro, após alertas emitidos pela Autoridade Aeronáutica da Espanha (AESA). As duas utilizam Plus Ultra e Iberojet como fornecedoras nas rotas europeias.

Tensões geopolíticas no Caribe

O episódio ocorre em meio ao aumento da presença naval e aérea dos Estados Unidos no mar do Caribe, próximo às águas venezuelanas. O chavismo afirma que a movimentação representa “uma ameaça” voltada a facilitar um possível golpe para retirar Maduro do poder. Washington nega e diz que as operações fazem parte de ações de combate ao narcotráfico na região, sem objetivos políticos diretos.

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