Comandante da Marinha se revolta contra a Câmara dos Deputados

O comandante da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen, mostrou-se contra à proposta de inclusão do nome de João Cândido Felisberto, líder da Revolta da Chibata, no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria. Em uma carta endereçada à presidência da Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados, Olsen argumentou que tal homenagem seria equivocada, considerando os eventos históricos associados à Revolta da Chibata.


Cândido se destacou como timoneiro e recebeu treinamento no Reino Unido para operar navios modernos em 1909.



Segundo o jornal O Globo, o projeto de lei foi apresentado pelo deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) e está sendo debatido na Câmara dos Deputados, onde conta com a relatoria da deputada Benedita da Silva (PT-RJ).

Na carta enviada na segunda-feira (22) e dirigida ao deputado federal Aliel Machado (PV-PR), Olsen destacou que a Revolta da Chibata representou uma página “deplorável” na história nacional, e incluir Cândido ou qualquer outro participante seria uma mensagem equivocada, especialmente para os militares. Ele ressaltou que os castigos físicos nos navios foram reconhecidos como inaceitáveis “e os insurgentes, inclusive, anistiados. Porém, resta notável diferença entre reconhecer um erro e enaltecer um heroísmo infundado” escreveu Olsen.

O comandante enfatizou que a atuação de Cândido na Revolta dos Marinheiros não está alinhada aos valores de heroísmo e patriotismo, e que sua posição no conflito representa um exemplo “reprovável” de conduta. Ele concluiu que “enaltecer passagens afamadas pela subversão, ruptura de preceitos constitucionais organizadores e basilares das Forças Armadas e pelo descomedido emprego da violência de militares contra a vida de civis brasileiros é exaltar atributos morais e profissionais” e que não contribui para a manutenção do verdadeiro Estado Democrático de Direito.

O documento está disponível no site oficial da Marinha e foi lido durante uma sessão da Comissão de Cultura da Câmara de quarta-feira (24). A Marinha do Brasil confirmou ao O Globo que a carta representa o posicionamento da Força.

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