Numa guerra o adversário é chamado de inimigo. Não de oponente nem muito menos de “adversário com quem devemos dialogar”. No cenário de discussão sobre a adequação ou não de uma postura de polarização cabe discutirmos como classificar o outro lado. Para isso é fundamental que conheçamos o caráter da turma que atua do lado de lá.
É uma tendência humana e cristã, especialmente, a de sermos tolerantes com o próximo e procurarmos perdoar ou ao menos compreender suas falhas e crer na sua recuperação, na sua elevação ainda que tardia. Cristãos rezam por isso e é justo, é parte do que fez nossa civilização se tornar um sucesso. Mas como tudo nessa vida, é preciso que tenhamos senso das proporções. Tolerância e compaixão não são valores absolutos no mundo prático da vida real. Ou seja, é justo sentirmos compaixão por um assassino serial e rezarmos pela alma dele mas ao mesmo tempo em que o trancafiamos numa cela por toda a sua vida. Se a compaixão afeta a capacidade de dispensar justiça há uma distorção aqui, especialmente no que se refere à compaixão pelos demais membros da sociedade, que são protegidos justamente pela prisão do assassino.
Então estabelecemos que deve-se julgar o próximo caso a caso e que não existem receitas totalizantes. Claro que isso dá trabalho, receitas de bolo nos livram da necessidade de estudar para julgar e ainda nos livram da responsabilidade sobre erros. É tão cômodo quanto errôneo o uso irrestrito de tais receitas simplificantes.
Dito isso, vamos então tentar expor um quadro aproximado do que é o que chamo de “outro lado”. Trata-se basicamente dos que trabalham direta ou indiretamente pela destruição dos valores e tradições que compõe nosso mundo. É a turma regressista do pensamento revolucionário que se auto-intitula “progressista”. Como existem diversas correntes e nuances nesse agrupamento evitarei aqui detalhar toda a composição para evitar que o texto fique mais extenso do que já será.
Essa turma está presente em todos os setores da sociedade. Das igrejas ao Congresso Nacional, das salas de aula às salas de comando das grandes corporações agentes do regressismo trabalham, movidos por diferentes interesses, pela destruição dos nossos valores.
Evidentemente há farta variação de grau de maldade, de capacidade de fazer a maldade e mesmo de compreensão sobre seu papel entre cada um desses agentes. Mas este é um quadro geral, sobre o qual posteriormente estabelecemos exceções e suavizações. Vamos enfim ao que mais interessa:
Qual é o caráter do “outro lado”?
Costumo dizer repetidamente que observar o Mal é algo dificílimo. Crer que determinadas maldades sejam sequer possíveis é algo duríssimo, impossível para alguns. Mas o preço da democracia é o aprendizado e se nossos cidadãos votarão em quem faz as leis penais eles devem tomar ciência da razão da existência de tais leis.
Hoje nós recebemos uma notícia muito reveladora sobre o tipo de criatura que compõe o outro lado. Foi preso pela Polícia Federal o primo do senador Davi Alcolumbre, ex-presidente do Senado e atual presidente da Comissão de Constituição e Justiça dessa casa. Está, portanto, nas mãos desse indivíduo assuntos importantíssimos, como o agendamento da sabatina para escolha do novo ministro do STF. O senador citado já disse em alto e bom tom que não permitirá a entrada do candidato proposto pela presidência (no uso correto das atribuições da Presidência da República, diga-se) e adiará a sabatina até 2023. Mas voltemos ao primo deste.
Seu nome é Isaac Alcolumbre e ele foi preso com grande quantidade de dinheiro, supostamente vinculado ao tráfico de drogas. Tráfico este responsável diretamente pelo grosso da criminalidade no Brasil. Foram 43.892 mortos violentamente no Brasil só em 2020. Para efeito de ilustração, na Síria, em plena guerra civil, morreram 6.817 pessoas em 2020. Estamos, portanto, na teoria e na prática, em guerra.
Não posso tecer grandes teorias de ligação entre as ações de um primo e de outro porque não vivemos numa democracia sob o domínio das leis. Aqui vale o arbítrio de juízes que desrespeitam a Carta Magna impunemente. Portanto deixo essas ligações por conta da imaginação de cada um.
Essa ilustração serve para demonstrar como é possível que os interesses econômicos do tráfico de drogas estejam muito próximos dos mais altos escalões da nossa República. Cada um que forme sua opinião mas ao meu entender essa proximidade é comum, muito comum, a ponto de ser algo orgânico ao nosso sistema político atual.
O exército de traficantes é então defendido por diversas entidades que, sob o pretexto de proteger direitos humanos, trabalham no sentido de tornar esses agentes protegidos contra a ação da Justiça. Esse é outro componente dessa guerra. A brigada judicial, defendendo os bandidos contra a sociedade.
A esta se junta a brigada cultural, com roteiristas escrevendo papéis fofinhos para bandidos, relativizando o Mal e tentando incessantemente vender a tese de que Bem e Mal são criações de pessoas reacionárias, moralistas e retrógradas. A verdade, evidentemente, é o oposto. Existe o Bem e o Mal, muito bem definidos. E existe o erro no ser humano, e o arrependimento, e o perdão. O fato de cada ser humano poder errar não significa que o Bem não exista. De novo voltamos às proporções. Furar uma fila justifica uma reclamação. Matar cinco pessoas justifica uma pena de prisão perpétua. Mas para os defensores do relativismo devemos achar bonito o estuprador e ver nele o seu melhor lado. Devemos entender que o latrocida mata porque não teve como comprar um iPhone e que isso seria perfeitamente compreensível. Esses são agentes importantes e extremamente maléficos nessa guerra, apesar de muitas vezes não empunharem a arma que mata nossos irmãos.
E então? Devo chamá-los de “Inimigos”?
Para concluir, se temos uma situação de guerra, com cadáveres para provar esse estado, se temos agentes defendendo os agressores em solo pátrio, se temos agentes lucrando com esse estado de coisas e financiando operações criminosas e violentas, se temos agentes costurando narrativas para convencer o povo de que o Mal é algo que deve ser tolerado, a resposta é claríssima.
Estamos diante de inimigos cruéis, muito cruéis. Porém eles são astutos e covardes. Não veremos com frequência esses agentes expondo sua maldade. Esse tipo de coisa ocorre através de deslizes, como o do “fofinho” ex-presidente o Uruguai, Pepe Mujica, incensado pela nossa “burritzia”, posto que dizia proteger os pobres e andava de fusquinha. Ele deu a seguinte declaração ao ver cidadãos venezuelanos atropelados por um blindado militar durante um protesto:
Não deveriam ficar na frente do blindado.
Pepe Mujica
Sim, são inimigos e inimigos mortais. Bastante mortais. E para eles não existem regras de combate. Como visto no revoltante episódio da exposição ardilosa onde puseram crianças a tocar num homem pelado, e como visto repetidamente em escolas primárias pelo Brasil, onde incentivam crianças pequenas a explorar sexualmente o corpo do coleguinha, para eles não há regras. Vale inclusive usar crianças, destruindo suas infâncias e gerando traumas por toda a vida dos pequenos, desde que o objetivo seja alcançado.
Estratégia de guerra
Não se vence uma guerra sem conhecer o inimigo. Da mesma forma não se pode vencer uma guerra sem tratar o inimigo da forma adequada. Não podemos nos esquecer de que esse inimigo não se furta a nos rotular das formas mais agressivas, com adjetivos como ultraconservadores, fascistas, radicais, preconceituosos, racistas e mesmo o ignóbil “nazistas”.
Saber quem é o inimigo e o que ele é capaz de fazer é um passo importante para que tenhamos esperança de vitória nessa guerra. É preciso, porém, que tenhamos coragem, muita coragem.
O Mal é feio demais e não pode ser erradicado, apenas reduzido e contido, em incontáveis escaramuças e batalhas. A guerra é por toda a vida. Portanto, força a todos, fé e coragem.
Vamos vencer!