No início da semana, o euro voltou a ser negociado abaixo da paridade em relação ao dólar. Após um breve rompimento desse suporte em julho, parece que, desta vez, a marca simbólica de US$ 1 por € 1 ficou mesmo para trás.
De acordo com a equipe de estratégia de câmbio do BCA Research, os investidores externos podem obter um retorno anualizado de 6% na próxima década se a cotação do euro em relação ao dólar voltar ao seu “valor justo”.
Mas, as perspectivas de curto prazo para o euro estão repletas de riscos. Afinal, diante dos problemas econômicos cada vez piores da zona do euro, um período prolongado de fraqueza da moeda parece mais provável.
Até o momento, as notícias na Europa continuam piorando. Os preços de energia estão subindo, o que mantém a inflação acima do previsto, enquanto os indicadores da atividade econômica apontam para uma recessão.
“Os preços mais elevados da energia são negativos para o crescimento da zona euro e prejudiciais para as perspectivas de inflação”, observam os estrategistas do BCA Research. Ao mesmo tempo, os diferenciais das taxas de juros na zona do euro e nos Estados Unidos também favorecem o dólar.
Dessa forma, até mesmo a tentativa de uma postura mais agressiva do Banco Central Europeu caiu por terra. Nem uma forte alta da taxa de juros por parte do BCE conseguiria fortalecer o euro.
“Grandes altas de juros não são favoráveis à moeda quando são feitas para manter as expectativas de inflação ancoradas e prejudicam as perspectivas de crescimento ao mesmo tempo”, disse Sam Zief, chefe de estratégia global de câmbio do JPMorgan.
Ele se refere à crise da dívida na Grécia e à turbulência política na Itália. Ainda assim, o ING avalia que a cotação do euro em relação ao dólar permanece subvalorizado em cerca de 5% com base no valor justo de curto prazo.