Movimentos de esquerda tentam diminuir a promulgação da Lei Áurea que completa 135 anos neste 13 de maio. Os argumentos vão desde uma suposta omissão da luta dos movimentos identitários a problemas sociais contemporâneos.
Para o secretário de Combate ao Racismo da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Almir Aguiar, “o 13 de Maio não é uma data a ser comemorada, foi um fato histórico que omitiu a luta do povo negro contra a escravidão, e até os dias atuais a historiografia tem omitido o nosso legado”.
Para o analista de Políticas Públicas da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), Marcos Cardoso, De acordo com ele, muito antes da assinatura da Lei Áurea, houve uma luta constante pela libertação de africanos escravizados. “Essa população inscreveu na sociedade brasileira uma cultura importante que continua sendo desvalorizada ou apropriada apenas para que alguém lucre sobre ela. Mas nesse processo todo eles articularam várias formas de resistência, dentre as quais está o quilombismo. A ação dos quilombos na sociedade brasileira, com as revoltas populares em todo o país, geraram o processo que culminou na abolição do trabalho escravo”, explica.
Para a antropóloga e titular da Secretaria de Inclusão da Universidade Federal de Goiás (UFG), Luciana Dias, “a gente chega no ano de 2023 com mais de 50% da população brasileira sendo vítima de cruéis processos de opressão”.
A verdade é que a esquerda não reconhece a atuação fundamental da família real brasileira, em especial a Princesa Isabel, na luta contra a escravidão que vigorava através das leis vigentes.
A Família real brasileira sempre foi abolicionista, mas a Princesa Isabel desde a infância com mais apega a essa causa, tomando a frente do Movimento Abolicionista, apoiando jovens políticos e jornalistas que compunham essa agremiação (apesar de muitos serem republicanos), financiando a alforria de escravos com seu próprio dinheiro ou doações que a Princesa e o Conde d’Eu coletavam pelas ruas, escondendo escravos fugitivos em seu Palácio, financiando o Quilombo do Leblon, que cultivava camélias, flor-símbolo da Abolição, rendendo-lhe o título de “A Princesa das Camélias”. Seus filhos, seguindo seu exemplo, editaram um jornalzinho abolicionista que era distribuído na Corte.
Com a terceira ausência do Imperador D. Pedro II no país, desta vez para tratamento de sua debilitada saúde, teve início em 30 de junho de 1887 a Terceira Regência da Princesa. Durante o período D. Isabel apressou a votação da Lei Áurea, assinando-a em 13 de maio de 1888. Concluída a Abolição, a Princesa tinha planos de proporcionar aos ex-escravos um bom futuro, iniciativa frustrada pelo movimento republicano e por fazendeiros insatisfeitos que posteriormente promoveriam um golpe militar para mudança do regime.