Ex-GSI de Lula falsificou relatório do 8 de janeiro, aponta jornal

O general Gonçalves Dias, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Luiz Inácio Lula da Silva, adulterou um dos relatórios de Inteligência enviados ao Congresso sobre a manifestação de 8 de janeiro, em Brasília.

A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) elaborou dois relatórios sobre o episódio. A comparação desse material mostra que Dias teria retirado de um dos documentos os registros de que ele foi informado dos riscos de invasão das sedes dos Três Poderes.

Parlamentares que tiveram acesso ao material adulterado constataram que o documento não mostra os onze alertas que o ex-ministro-chefe do GSI recebeu no celular entre 6 e 8 de janeiro. O relatório foi entregue à Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência (CCAI) do Congresso Nacional e assinado pelo diretor-adjunto de Dias, Saulo Moura da Cunha.

Os alertas constam em outra versão do mesmo documento, entregue pela Abin à CCAI em 8 de maio. A primeira versão foi enviada ao Congresso a pedido da CCAI, enquanto a segunda foi enviada por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Na época, o magistrado atendeu a um pedido da Procuradoria-Geral da República.

Na segunda versão do documento, assinada pelo atual diretor-adjunto da Abin, Alessandro Moretti, aparecem 11 envios de alertas ao celular de Dias. Essas mensagens deixavam claro o “risco de ações violentas contra edifícios públicos e autoridades”.

“Destaca-se a convocação por parte de organizadores de caravanas para o deslocamento de manifestantes com acesso a armas e a intenção manifesta de invadir o Congresso Nacional”, informa um trecho do documento, enviado às 19h40 de 6 de janeiro. “Outros edifícios da Esplanada dos Ministérios poderiam ser alvo das ações violentas.”

No dia seguinte, um novo alerta: oito ônibus de outros Estados chegariam a Brasília em 8 de janeiro, para fortalecer o acampamento em frente ao Quartel-General do Exército. “Mantêm-se convocações para ações violentas e tentativas de ocupações de prédios públicos, principalmente na Esplanada dos Ministérios”, ressalta.


O jornal O Globo divulgou a informação nesta quarta-feira, 31.

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