Macron avalia proibir redes sociais

presidente francês Emmanuel Macron disse aos prefeitos na terça-feira (4) que seu governo poderia considerar controlar o acesso às redes sociais em todo o país “quando as coisas saem do controle”. Seus comentários surgiram após dias de protestos no país, seguindo a morte de um adolescente descendente de norte-africanos por um policial na semana passada nos arredores de Paris.


“Devemos pensar sobre o uso dessas redes [sociais] pelos jovens”, disse Macron a um grupo de cerca de 250 prefeitos cujas cidades foram afetadas pela violência, de acordo com o The Guardian, citando um vídeo da emissora francesa BFM TV. “Quando as coisas saem do controle, podemos precisar regulamentá-las ou cortá-las.”

Macron acrescentou que acredita ser um “debate real que precisamos ter à luz do dia”.

Na semana passada, Macron afirmou que as empresas de redes sociais tiveram um “papel considerável” nos distúrbios em todo o país. Um funcionário francês não identificado disse à agência de notícias AP na sexta-feira que os detalhes pessoais do policial que atirou no adolescente de 17 anos haviam sido vazados na internet.

O presidente francês também pediu a várias redes sociais que demonstrem um “senso de responsabilidade” ao moderar o conteúdo em suas plataformas, e que removam postagens que possam incentivar a violência.


Ministros se reuniram com representantes do TikTok e Snapchat na sexta-feira – e o ministro da Justiça, Eric Dupond-Moretti, propôs posteriormente que medidas legais pudessem ser iniciadas para penalizar usuários de redes sociais que participam de atos ilegais.

Críticos têm afirmado, no entanto, que qualquer suspensão das redes sociais representaria uma restrição à liberdade de expressão. “Cortar as redes sociais? Como a China, o Irã, a Coreia do Norte?”, disse Olivier Marleix, do partido político Les Republicains. “Mesmo que seja uma provocação para desviar a atenção, é uma atitude de muito mal gosto.”

Na quarta-feira, um funcionário anônimo do gabinete do Ministro Digital, Jean-Noel Barrot, voltou atrás na declaração de Macron em comentários ao Politico: “O presidente disse que é tecnicamente possível, mas não que está sendo considerado. Nada deve ser descartado por princípio.”

O governo de Macron tem enfrentado protestos e saques generalizados desde a morte do adolescente durante uma abordagem policial em 27 de junho, o que acirrou as tensões em relação ao racismo e à brutalidade policial em todo o país.

Segundo dados divulgados na terça-feira, cerca de 4.000 pessoas foram presas a partir de sexta-feira. A violência parece ter diminuído desde então, com apenas 17 detenções relacionadas aos distúrbios registradas durante a noite.
Macron também propôs aplicar multas aos jovens que participam dos tumultos.

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