Polícia prende suspeitos de planejarem ataques a escolas no Rio e em outros estados

No dia 4 de maio, Fabiano Mai, 18 anos, matou a facadas três crianças e duas professoras de uma creche, em Saudades, Santa Catarina. Nos dias seguintes, pelo menos seis prisões ocorreram no Sudeste a partir da quebra do sigilo eletrônico do assassino: eram jovens que planejavam ataques; entre eles, um era do Rio de Janeiro, filho de um desembargador do Tribunal de Justiça do Rio.


“Eles trocavam mensagens de ódio. Tinham até contato com neonazistas mesmo, mas eles não pertenciam a uma célula ou eram um grupo organizado. Falavam basicamente sobre ataques a escolas”, disse Jerônimo Ferreira, delegado responsável pelo inquérito de Saudades.

Ferreira encaminhou as mensagens que serviram como indícios para as prisões em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Uma outra ocorreu no Rio Grande do Sul.  A do Rio ocorreu em Copacabana, no dia 11 de maio. No entanto, o jovem, de 19 anos, possui grau severo de autismo e teve a prisão revogada. Ele se encontra em uma clínica psiquiátrica.

À Justiça, no mesmo dia da prisão, o pai apresentou laudos médicos atestando o autismo severo do filho. O jovem foi solto com uma série de restrições, como não ter acesso à internet.Atualmente, o Ministério Público e a Polícia Civil analisam o material do celular e do computador apreendido com o jovem. Entre as mensagens encontradas com ele há uma conversa com uma menor detida em Minas Gerais, que conversaria diretamente com o assassino de Saudades.

“O Fabiano não conseguiu comprar uma arma de fogo para matar os colegas da escola, onde ele sofreu bullying. Então, como ele sabia que com uma faca não iria conseguir, resolveu descontar a raiva nas crianças da creche”, disse o delegado de Saudades. No dia, um fórum da Deep Web chegou a parabenizar o assassino.


Em Minas Gerais, a delegada Danielle Aguiar, da Divisão dos Crimes Cibernéticos, disse que a menor encontrou acolhimento na internet.  “Ela relatou que sofria bullying, que não tinha amizades, que se sentia excluída. Diante disso, ela viu nas redes sociais uma possibilidade de fazer amizades e se envolveu em chats sobre atentados. Então, é importante que os pais observem se o jovem mudou de comportamento”, afirmou.

Alguns dos jovens presos já eram monitorados pelo serviço de inteligência americano, pois tinham diálogos com extremistas ou adolescentes no exterior.  Os dados foram passados ao Ministério da Justiça e Segurança Pública que, em parceria com a Embaixada Americana, teve papel fundamental na dissolução de ameaças de ataque em escolas no país.

A primeira foi no Rio, em 6 de maio. Após serem acionadas pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, equipes do Laboratório de Operações Cibernéticas do MJSP identificaram que uma ameaça partia de Cabo Frio. Com as informações repassadas pela equipe do Ministério, identificou e apreendeu um adolescente que se preparava para um ataque.

Já no dia 21 de maio, o MJSP repassou informações à Polícia Civil do Distrito Federal sobre uma jovem que planejava ataque em escola da região, após ser acionado pela Embaixada dos Estados Unidos. Ela foi detida e liberada após prestar depoimento.

”As polícias têm se capacitado cada vez mais e realizado parcerias, como essa com a Homeland Security Investigations, dos Estados Unidos, que evitou diversos ataques. A sociedade só tem a ganhar”, afirmou o coordenador do laboratório de operações cibernéticas da Secretaria de Operações Integradas, do Ministério da Justiça, Alessandro Barreto.

Uma das últimas capacitações ocorreu na última semana, com o seminário ‘Identificação, Análise e Mitigação de Ameaças’, que apresentou técnicas de prevenção e repressão a ataques em escolas brasileiras.

Informações do Jornal O Dia.

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