Pela primeira vez, o Supremo Tribunal Federal interferiu no Exército Brasileiro, que tem hierarquia e normas para definição dos postos, cargos e promoções rígidos e bem estabelecidos.

Na tarde da última sexta-feira, 20, foi realizada uma articulação de última hora por autoridades do Poder Judiciário. O Alvo? O ex-ajudante de ordens, de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, que teve seu destino selado após interferência direta de ministros do Supremo Tribunal Federal.

O tenente-coronel havia sido indicado para assumir a chefia do Batalhão de Ações e Comandos de Goiânia, ele estava pré-selecionado para o cargo desde maio do ano passado.

Ocorre que a indicação vinha sendo criticada por ministros do STF, que fizeram chegar ao governo (Lula) suas ressalvas em relação ao militar.

Ao menos, dois ministros, Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, fizeram questão de relembrar a interlocutores que Cid era investigado pelo tribunal por produção de “fake ews” quanto as urnas eletrônicas e por ter municiado Bolsonaro de informações, na live em que este questionou a confiabilidade do sistema eleitoral.

Porém, dar suporte e “municiar” faz parte da função de um ajudante de ordens.

Foi dado o recado, ao ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, para que algo fosse feito contra a indicação. Ocorreu uma ideia, para dar verniz jurídico ao cancelamento da indicação. Múcio pediria ao STF informações sobre Cid, assim o Tribunal detalharia as suspeitas, porém não foi colocado em prática.

No final das contas, a interferência surtiu efeito e o comandante do Exército, Júlio César de Arruda, acabou perdendo o cargo após ser contra a demissão de Cid, e o tenente-coronel foi da mesma forma demovido de assumir o posto.

Ocorreu também a ameaça de que a Polícia Federal realizaria uma operação contra Cid, a informação circulou na cúpula do Exército. A conclusão de um dos interlocutores foi que o desgaste do cancelamento da indicação seria bem menor do que uma eventual operação.


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